Postado às 06h20 | 01 Jun 2022
Ney Lopes
Começa o mês de junho e já no início da próxima semana um acontecimento chama a atenção da política internacional.
Trata-se do encontro de Bolsonaro com Biden em Los Angeles, durante a Cúpula das Américas deste ano, a nona desde a original, em 1994, em Miami.
Sabe-se que após Biden vencer Trump, Bolsonaro declarou que a vitória ocorrera após e fraudes, o que gerou distanciamento entre Casa Branca e Planalto.
Mesmo já depois de ter aceito o convite para ir à Cúpula, Bolsonaro chamou Biden de velho, em entrevista à CNN Brasil.
"Estivemos na cimeira do G-20, em outubro, e ele passou por mim sem nem olhar na cara. Deve ser coisa da idade", arrematou.
Está confirmada a presença no evento que se inicia segunda feira, representantes de 32 países, entre os quais Justin Trudeau, do Canadá, e Alberto Fernández, da Argentina.
O que se sabe é que o tema do encontro do presidente brasileiro com o seu homólogo norte-americano será o risco de Jair Bolsonaro não aceitar os resultados das eleições de 2 de outubro no Brasil, em caso de eventual derrota.
A reunião ocorrerá após Bolsonaro ter levantado novamente suspeitas, sem provas, de eventual fraude no sistema de voto eletrônico e de Biden, via Departamento de Estado e via CIA, ter reforçado que não quer ouvir falar em desrespeito ao veredicto das urnas.
William Burns, nomeado por Biden diretor da CIA, o serviço de inteligência norte-americano, encontrou-se em julho de 2021 no Palácio do Planalto com o presidente.
De acordo com a agência Reuters, alguns dos interlocutores de Bolsonaro tentaram minimizar o impacto das declarações de Bolsonaro ao atacar o sistema eleitoral do país.
Em resposta, Burns teria dito que o processo democrático é sagrado e que o presidente do Brasil não deveria falar como tem falado.
Os Estados Unidos ressaltam que não desejam interferir na soberania brasileira, porém em matéria de democracia os compromissos dos tratados internacionais firmados pelos dois países impõem que haja esse cuidado de preservação dos resultados das urnas, salvo se comprovada fraudes ou irregularidades.
Houve dúvidas, se Bolsonaro iria à Cúpula em Los Angeles.
Mas ele ponderou com sua equipe, que será interessante na sua campanha à reeleição uma fotografia ao lado de Biden para mostrar que não está tão isolado internacionalmente como se diz e que não apoia apenas políticos autocráticos, como Vladimir Putin.
O que se espera e deseja é que o encontro de Biden e Bolsonaro seja civilizado e contribua para consolidação das relações brasileiras e americanas, cuja tradição deve ser preservada.