Postado às 06h37 | 27 Jun 2021
Ney Lopes
O objetivo do texto não é prever quem ganhe, ou perca a eleição de 2022.
Até porque, a tese é que a essa altura, ninguém poderá ter a mínima certeza de sucesso, ou derrota.
A preocupação é mostrar que o processo eleitoral brasileiro de 2022 será tão imprevisível, quanto estão sendo as pesquisas cientificas de cura da Covid.
Há sinais evidentes de que o eleitor a cada dia se torna mais esclarecido.
As mídias sociais mostram isto.
O nível de conscientização aumenta, mesmo que não haja ainda uma consciência crítica capaz de filtrar propostas e intenções dos candidatos.
Existe certa rebeldia misturada com indignação, que leva o cidadão mais simples a dizer, que o voto é dele e votará em quem quiser.
Esse processo de “libertação do voto” sofrerá muitas limitações pela vigência de evidentes falhas na legislação político, partidária e eleitoral do país.
Não se compreende, por exemplo, a vigência da autonomia partidária, que a Constituição de 88 concedeu aos partidos políticos.
Em nome de não caracterizá-los como cartórios, transformou a maioria das siglas em propriedades privadas.
Até o Presidente Bolsonaro não consegue romper o cerco e tem dificuldade de uma legenda para disputar a reeleição.
As cúpulas não se renovam pela proteção que têm da própria legislação vigente.
Há exceções de partidos e dirigentes, que dialogam, buscam soluções consensuais.
Não se pode negar o bom exemplo do PSDB, em fazer uma prévia para a escolha do candidato a presidente da República.
Gilberto Kassab é outra revelação positiva, pelo poder de articulação e diálogo, sempre agregando apoios para a sua legenda.
Os partidos teriam que ser reduzidos, tornando mais transparente o financiamento de campanhas políticas, o que ajudaria a enfrentar a corrupção no Brasil.
Hoje, para obter legenda e disputar uma eleição, tudo depende do partido.
Ser inscrito, filiado, militante, não vale praticamente nada.
O candidato avulso, aquele que disputaria sem partido, existe nas maiores democracias do mundo.
No Brasil, a legislação não permite.
Mesmo diante de tantas limitações, a tendência de mudanças, já manifestada em 2018 e 2020, tende a ser predominante em 2022.
O risco é que faltem opções de nomes com credibilidade para o eleitor.
E aí os partidos, que tenham responsabilidade com a nação, terão que refletir e lançar candidaturas de credibilidade, com "ficha limpa", sob pena de definharem nas suas representações.
A cidadania rejeitará os candidatos que despertem dúvidas de conduta ética. Ninguém duvide disso.
O surgimento de uma “terceira via” na eleição presidencial facilitará muito o processo de escolha, pois será um trabalho de construção política para o qual muitos serão convocados.
O eleitor não poderá ficar sem alternativas, em benefício da própria democracia brasileira.
Considerando o cenário de incertezas e inquietudes, a previsão otimista é que a eleição de 2022 seja diferente e demonstre maior liberdade do eleitor, votando em que deseje.
Deus queira que os resultados mostrem essa evolução política, afastando oportunistas, incapazes e despreparados para a vida pública.
Caso isso não ocorra, mais uma vez se repetirá o refrão de que “cada povo tem o governo que merece”