Postado às 07h03 | 17 Abr 2023
Ney Lopes
O Presidente Lula deverá visitar Portugal e Espanha entre os dias 22 e 25 próximos.
A viagem já está cercada de grande polêmica e uma certa apreensão.
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu no sábado, no final de uma visita à República Popular da China, que os Estados Unidos devem parar de “encorajar a guerra” na Ucrânia e a União Europeia deve “começar a falar de paz”.
A Associação dos Ucranianos em Portugal, em nota, afirma que a posição mostra “apoio” aos regimes totalitários como a Rússia e a República Popular da China.
Na manifestação, os ucranianos recordam que o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal visitaram zonas da Ucrânia “onde soldados russos cometeram crimes considerados como crimes de guerra” e, por isso, podem explicar ao Presidente do Brasil “o que realmente está acontecendo”.
Na verdade, foi a Federação da Rússia que começou a guerra contra a Ucrânia e que “não é assim tão simples” terminar o conflito com um acordo de paz.
Sobre a proposta de Lula para a Ucrânia ceder a Crimeia [anexada em 2014] ou outros territórios ucranianos à custa da paz, não é considerada solução nem para ucranianos nem para os países europeus.
Lula já se recusou a participar da condenação quase universal à invasão russa.
O Brasil defendeu uma resolução das Nações Unidas no mês passado, pedindo paz.
Mas, semanas depois, o mandatário brasileiro se recusou a assinar uma declaração da Cúpula pela Democracia, do presidente Joe Biden, condenando o ataque da Rússia ao país vizinho.
Além das comemorações da democracia portuguesa, Lula estará no país para participar da cúpula bilateral Portugal-Brasil, reunião conjunta dos dois governos.
As lideranças dos dois países também vão estar na entrega ao cantor, compositor e escritor Chico Buarque do Prêmio Camões.
Na sequência da viagem, o presidente deve ir à Espanha.
Lula teve expressiva vitória em Portugal nos dois turnos das últimas eleições.
O petista levou a melhor sobre o ex-presidente Bolsonaro em todos os três locais de votação no país: Lisboa, Porto e Faro.
Pelo visto, o governo brasileiro em matéria de política externa terá que não ir com “tanta sede ao pote”.
Afinal, é necessário reconhecer, que numa guerra há um agressor e um agredido.
Precisa agir de acordo com a orientação competente e tradicional do Itamaraty: manter o multilateralismo e o diálogo.
Entretanto, os últimos acontecimentos apontam para o sectarismo de prioridades ideológicas, que fatalmente levam ao conflito entre as nações, quer sejam de direita, ou de esquerda..