Postado às 06h30 | 14 Dez 2022
Ney Lopes
A classe média corresponde a aproximadamente metade da população brasileira.
São 100 milhões de cidadãos, que contam com o salário para enfrentar as turbulências da economia.
Acompanham, dia a dia, a perda do poder de compra, em razão de uma inflação resistente e alta.
Mas, mesmo sofrendo perdas, a classe média é o “boi de piranhas” para financiar reformas econômicas no país.
Veja-se a reforma previdenciária, recaiu na classe média.
A trabalhista também.
Servidores públicos há mais de 10 anos sem reajuste, derrete pouco a pouco a classe média.
Agora foi o presidente eleito Lula, que declarou ontem, 13, o desejo de extinguir as deduções com gastos em saúde no Imposto de Renda pessoa física.
Cobrindo um santo e descobrindo outro, Lula afirmou que enquanto os mais pobres têm dificuldade de acesso a tratamentos mais especializados de saúde, muitos abatem as despesas pessoais nessa área no Imposto de Renda, o que classificou como uma "contradição".
Ora, além de ser um instrumento de equidade fiscal há formas de controle, através das alíquotas aplicáveis às isenções, em função da renda de cada um.
Ademais, o benefício desafoga do SUS, na medida em que viabiliza para certos segmentos o pagamento de um plano de saúde.
É necessário também enxergar, que a proposta de Orçamento para 2023 prevê R$ 456,09 bilhões em benefícios tributários
O valor total dos subsídios, isenções e desonerações no país chega perto de 5% do PIB (incluem-se descontos com saúde).
Por que não fazer ajustes em outros incentivos, que recebem verdadeiras dádivas tributárias há anos, sem prestar contas e sem prazo para acabar?
Nos casos dos subsídios que não estão na Constituição, basta um projeto de lei.
Será preciso enfrentar o lobby dos setores que, hoje, são beneficiados pelas regras diferenciadas.
A classe média não tem como fazer lobbie ($$$) e termina sufocada.
Um país não cresce, sem uma classe média estável.
É o termômetro da sociedade.
Sustenta o mercado consumidor, em certos segmentos.
Por isso, todas as medidas devem considerar, que sacrifícios fiscais têm que ser distribuídos equitativamente, com todos e não somente com “alguns”, como é o caso da extinção das deduções com gastos em saúde no Imposto de Renda pessoa física.
A verdade é que a classe média brasileira pede socorro e a cada dia é afetada.