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Análise: China e Brasil sofrem com o “La Niña"

Postado às 06h07 | 03 Nov 2021

Ney Lopes

Para entender o que é La Niña (ou El Niño) explica-se que se trata de um fenômeno influenciador do clima, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, principalmente nas zonas equatoriais.

Ele ocorre normalmente em intervalos médios de quatro anos, geralmente em dezembro, próximo ao Natal e, por isso, é chamado assim, em referência ao "Niño Jesus" ("Menino Jesus").

O El Niño causa o enfraquecimento dos chamados ventos alísios (deslocamentos de massas de ar quente e úmido em direção às áreas de baixa pressão atmosférica das zonas equatoriais do globo terrestre).

Geralmente se manifesta de duas formas totalmente diferentes na América Latina: chuvas fortes e abundantes, aumento do fluxo do rio e inundações subsequentes na Colômbia, Equador e norte do Brasil; e seca no Peru, Bolívia, sul do Brasil, Argentina e Chile.

Teme-se que o La Niña atrase ainda mais a estação chuvosa no Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile e Paraguai) e torne 2022 um ano ainda mais seco, afetando lavouras, secando rios e impactando a geração hidrelétrica

Entretanto, há informações de agências especializadas, prevendo que no Brasil as condições do La Niña devem continuar com 87% de probabilidade entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022.

O curioso é que o fenômeno está influindo na China este ano, cujo governo aconselha estocar produtos básicos pelo risco de crise de abastecimento.

Já ser observa generalizada escalada no preço das hortaliças, que em alguns casos superam os da carne.

O alerta decorre “da abundância de desastres naturais em território chinês registrados neste ano, tendo como causa o La Niña, que provoca temperaturas especialmente baixas neste inverno no Hemisfério Norte.

Soma-se o aumento dos casos de covid-19, em vários pontos do país.

Verifica-se crescimento de protestos dos chineses nas redes sociais, indignados com os preços da ervilha, espinafre, frango e carne de porco - a proteína por excelência na grande potência asiática de 1,4 bilhão de habitantes.  

Os “estragos” do “El niño” são globais.

Considerando o nosso país, a experiência tem mostrado que nos anos de El Niño há concentração de chuvas na região Sul e um aumento da seca na Amazônia oriental e no Nordeste graças ao enfraquecimento dos ventos alísios subtropicais que normalmente ajudam a distribuir a umidade.

Estudos indicam que do final de 2021 para 2022 a geração de enegria eólica no nordeste será afetada, sobretudo no Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte.

Essa redução se dá porque é preciso que o vento atinja determinada velocidade para movimentar as turbinas, o que não acontece em meio a chuvas.

A esperança é que o Brasil não enfrente desabastecimento alimentar, em decorrência de fenômeno.

Além dos efeitos internos, com a falta de alimentos, teríamos o prejuízo econômico de redução dos produtos agrícolas, que sustentam as exportações do nosso agronegócio.

Seria prejuízo duplo!

 

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