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Análise: "Centrão” de Lula, PT e RN" - Ney Lopes hoje no jornal "Tribuna do Norte"

Postado às 07h08 | 25 Ago 2021

Trazendo consigo, a ideia fixa de continuar a aglutinar o “centrão” político no RN e no país, encontra-se no RN o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com cara de conciliador e pacificador.

Segundo palavras próprias de Bolsonaro e de Lula, em passado recente, o “Centrão” sempre foi a “velha política” e o fisiologismo, ou sejam, ganhos dos partidos e dos políticos, independentemente de ideologias e interesse público.

Ambos mudaram.

O presidente abriu as “portas” ao PP. Eleito em 2002, em aliança com o PL, o alicerce de Lula foi o centrão, tudo que o seu partido condenava.

Agora quer repetir o mesmo comportamento anunciado em visita ao Acre, quando declarou que já tinha perdido três eleições presidenciais e não podia perder pela quarta vez.

Criou o PT light, com o “slogan” de “Lulinha paz e amor”. Para afastar-se da esquerda, trouxe para vice o megaempresário José Alencar e “boa parte” da avenida Paulista, a quem serviu com zelo especial.

A estratégia petista passa a ser catalisar, estimular e incentivar os movimentos populares de conflitos já existentes no Brasil antes da pandemia, tais como, crise política, institucional, econômica, saúde pública e social.

Com a aproximação das eleições de 2022, Lula sabe que o enfretamento das várias crises nacionais se dará pela política e não por sua negação.

Por tais razões, não consta nas suas agendas locais encontros públicos, certamente para evitar protestos e rejeições.

Mas, o que significa a presença hoje de Lula no RN?  Quais os desdobramentos possíveis?

O PT em nosso estado é um produto político híbrido e com raízes de quadros dirigentes basicamente “importados”, sem origem, ou vínculos nativos. 

Nunca conseguiu ganhar a eleição em Natal. A governadora Fátima Bezerra, 66, nascida em Nova Palmeira na Paraíba, filiou-se ao PT-RN em 1980 e é atualmente a única mulher a governar um estado brasileiro.

Em 1988, a escassez na sigla partidária de presença na política potiguar criou dificuldades para a escolha do vice-governador de Fátima, que terminou sendo o procurador Antenor Roberto, ligado ao Partido Comunista do Brasil.

O deputado Fernando Mineiro, natural de Curvelo (MG) foi o primeiro vereador petista de Natal, em 1988.

O mais recente “importado” do PT potiguar foi o senador Jean-Paul Prates, que tem mais de 25 anos de trabalho em áreas privadas operadoras de campos de petróleo, gás, exploração e produção.

Após preterir militantes locais e ter tido a “chance” de assumir a “suplência” de Fátima (!!!), o “neo” petista tem mudado as suas concepções econômicas nessa área e busca aproximar-se o máximo de Lula, hoje o seu “guru”.

O que poderá acontecer em 2022?

Difícil responder na atual conjuntura de instabilidade.

O sábio italiano Maquiavel do século XVI, um dos primeiros “analistas de conjuntura políticas”, dizia que temos que tratar a política - a ciência do poder – com racionalidade, frieza, cálculo.

Ele advertia, entretanto, que o cálculo da política tinha que ser diferente, pela razão de que o alvo não é um objeto morto, inerte. Ele pensa, calcula e atira no oponente.

Lula chegou a Natal, dizendo que só definirá a sua candidatura em 2022.

Começa a recear que certos “alvos” o atinjam antes de outubro de 2022, inclusive decretações de novas inelegibilidades, o que é possível. 

Há o temor, inclusive da governadora Fátima Bezerra, de que Bolsonaro possa recuperar votação, já que em 1988 venceu em 16 estados e 21 capitais.

No Nordeste, reduto primordialmente petista, logrou vitórias no RN, AL e PB.

E a oposição ao PT no RN?

O mínimo que se pode dizer é que está fragmentada, em razão das conveniências e interesses pontuais das alianças.

O "epicentro" está localizado na Assembleia Legislativa, onde as "praticas de trocas políticas recíprocas"  sustentam até agora as acomodações, de um lado e de outro.

Cabe deixar claro, que será mínima a influencia do chamado "partido da Assembleia"  nas eleições majoritárias de presidente, senador e governador.

O "rolo compressor" serão as dádivas e favores liberados para manter a peso de ouro os colégios eleitorais das disputas proporcionais.

No final, restará a possibilidade do voto fiel do eleitor, talvez  apenas para o deputado, que o ajudou.

Como aconteceu anteriormente, a votação majoritária será  absolutamente independente e livre para Governador, senador e Governador.

A porta está aberta para surpresas. Faltam opções sérias.

Na oposição há "conflitos" entre os pretendentes. 

Muitos deles apelam para um "marketing", que não fará milagres, até pela inexpressividade pessoal dos pré candidatos.

O ministro Fàbio Faria, quer ser senador.

 "Verdadeiro sonho numa noite de verão", a história de Shakespeare

Pura ilusão e ambição pessoal.

Ele quase não se elegeu deputado federal e hoje vive na sombra do sogro do SBT, com o pai em situação político-eleitoral delicadíssima para sobreviver. 

Rogério Marinho dá sinais de inegáveis competencia pessoal e política. Mas é tolhido, desde a derrota para deputado federal. 

O empresariado, a quem Rogério se aliou, preserva e mantém os seus interesses no governo. Todavia, as pretensões políticas de Rogério ficam sempre para depois.

Aliás, foi sempre assim.

Ezequiel Ferreira teme "arriscar" a sua reeleição de presidente da Assembleia (2023), com uma aventura de Senado.

O curioso é que há "certas figuras"" no estado, sem vocação política, sem visão de interesse público, aguçando vaidades pessoais e se "oferecendo gratuitamente" como "alternativas" para mandatos eletivos, sejam quais forem. 

Algo perto do ridículo, até porque não dizem para que vieram e repetem o óbvio.

Parece até que procuram emprego em mercado de trabalho restrito.

O próprio sistema político-eleitoral do governo estadual comandado pela governador a Fátima Bezerrra não é tão consolidado e sólido, quanto parece.

Com a última visita de Lula ao RN, entrou na “cena política” a família Alves, com sinais de aproximação e busca de sobrevivência.

Henrique manteve-se discreto.

Garibaldi e o filho Walter apressaram-se, avançaram e dialogaram com o ex-presidente.

O ex-prefeito Carlos Eduardo, numa visão "individualista", desconheceu até o afastamento de Lula ao líder do seu partido Ciro Gomes.

Chegou a insinuar-se para conversar com Lula, mas não foi aceito.

Ao lançar-se nos braços do petismo, a  grande preocupação do ex-senador Garibaldi Alves é proteger o seu filho, que se reelegeu em extrema dificuldade.

A ambição familiar é ver Walter Alves sucessor de Fátima Bezerra em 2026.

Por tal motivo, a interpretação é que tenha sido aberto entre PT e PMDB  um canal de dálogo, considerando a insegurança e as possibilidades de mudanças na política nacional, até em relação a legislação eleitoral vigente.

Mesmo assim, "não pegou bem"! 

Ninguém se engane.

O fato mostrou "Alves" demais no mesmo "saco", querendo acomodar-se.

Hoje o povo repele isso.

Complexo antever o que acontecerá dessa "mistura Fátima vs Lula vs Alves".

Mas, não se afaste a hipótese, de que se transforme em mais uma “tagarelice”, do tipo discurso ardiloso, com que se pretende enganar alguém.

E agora?

O que poderá acontecer de novo no RN?

Caso prevaleça a tese em análise do PP nacional, de permitir coligações autônomas e amplas do partido nas eleições proporcionais, até com o PT, surgirão as possibilidades de coligações isoladas para lançamento de candidatos ao  governo e senado.

A fórmula em estudo do PP "abre" o leque.

Ou seja, na eleição proporcional os partidos poderão se coligar entre si, até o PP com o PT.

Na eleição majoritária, o partido terá um candidato a presidente, governador e outro a senador, independente da coligação proporcional. 

Tal solução acabaria com a heresia oportunista e irresponsável da eleição radicalizada entre Lula e Bolsonaro, para dar chances a “paraquedistas”, que desejam se ele na "banguela".

Abriria maior espaço para a decisão popular mais legítima e responsável.

Numa democracia em recuperação, com o Brasil, o  caminho natural será a polarização entre os candidatos mais preparados, em todos os níveis, para o exercício dos mandatos futuros.

De imbecis o eleitor encheu!

Pelo menos espera-se que sim!

Já tem em demasia!!!!!

 

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