Postado às 07h35 | 05 Jul 2020
Ney Lopes
Em tempos de descrença na política e nas liberdades públicas, a Fundação Getúlio Vargas aplicou pesquisa, que revela números que confirmam a confiança dos brasileiros na Democracia.
Senão vejamos: entre as instituições que o brasileiro mais confia está o STJ (44%) e o STF 41%. Surpreende a Presidência da República (34%) em terceiro lugar.
Em quarto está o Congresso Nacional (19%). A importância do Judiciário para a democracia é alcança 83%. Para 60% há, sim, interferência entre os três Poderes: 34% avaliam que um interfere no outro e 26% opinam que os Poderes não são independentes. A Justiça Federal é eficiente para 47%.
A Estadual, apenas 8%. Outras revelações: Justiça é lenta” (93%); os altos salários do Judiciário são incompatíveis (89%); a Polícia prende e a Justiça solta” (89%) e a linguagem jurídica é pouco compreensível” (87%). A pesquisa mostra realidade, que se opõe às últimas manifestações inconsequentes, de condenação do Poder Judiciário e do Legislativo.
Não se nega que pairam no ar apreensões do país mergulhar em regime à margem da lei, pelos apelos de minorias, que a pretexto de críticas e discordâncias (algumas até legítimas) defendem o extremismo de sepultamento da ordem constitucional.
A pergunta é, se extinto o STF, substitui-lo por quem? Qual seria o a sua composição e como a escolha dos seus membros? Será que existiriam “seres superiores”, tão puros e isentos, para o exercício de tais tarefas, típicas do estado democrático?
Claro que não. Não há no mundo qualquer país, em que tais práticas tenham dado certo.
Diante dessa realidade procede festejar os resultados da pesquisa da FGV. Os brasileiros estão conscientes da preservação das suas liberdades e não cederão aos cânticos dos “saudosistas” dos regimes totalitários. Se existem falhas e erros (e existem), a solução não será a quebra institucional.
Será o esforço para correções, através dos caminhos que a Constituição e as leis recomendam.
Nunca é demais repetir Churchill, de que a democracia é o único regime aceitável, ou o melhor dos piores regimes de governo.