Análise: "Preso nos USA filho de imigrantes brasileiros eleito deputado"
Postado às 07h07 | 12 Mai 2023
Eduardo Bolsonaro e George Santos (setembro de 2021), em encontro conservadores americanos
Ney Lopes
Um fato inusitado ocorreu na última eleição legislativa dos Estados Unidos.
Trata-se da história de George Anthony Devolder Santos, 34 anos, conservador, filho de imigrantes, brasileiros, nascido no Queens, NY., que ganhou fama devido a sua longa lista de mentiras, convertida em filão de piadas para a imprensa norte-americana.
Ele candidatou-se a deputado em Nova York e a sua votação garantiu mais cadeiras para o Partido Republicado nas eleições de meio de mandato de novembro.
Na campanha, tinha um discurso considerado homofóbico e transfóbico.
Após sua vitória Santos afirmou ser "a personificação completa do sonho americano": um filho abertamente gay de brasileiros, que subiu na hierarquia de Wall Street, antes de entrar no mundo da política.
George Santos se tornou, também, o primeiro congressista gay eleito para um primeiro mandato pelo Partido Republicano nos Estados Unidos.
Atualmente, todos os 9 deputados e 2 senadores que são gays pertencem ao Partido Democrata.
Mas, uma investigação do The New York Times colocou em risco o seu mandato e liberdade pessoal.
Santos está sendo acusado por sete crimes de fraude eletrônica, três de lavagem de dinheiro, um de roubo de verba pública e dois de fazer declarações materialmente falsas à Câmara dos Representantes (o equivalente à Câmara dos Deputados, no Brasil).
As denúncias foram apresentadas ao longo das 20 páginas da acusação.
A primeira parte, cinco das 13 acusações, onde consta pediu dinheiro aos doadores da sua campanha, dinheiro esse que depois embolsou, segundo Mathew Galluzo, procurador do condado de Nova Iorque.
Se for considerado culpado pela acusação mais grave, pode receber uma pena de até 20 anos de prisão, segundo o Departamento de Justiça americano.
Após ser preso, pagou fiança de R$ 2,4 milhões.
Ao sair do tribunal, disse que está sendo vítima de uma "caça às bruxas".
O caso se espalhou em toda a imprensa internacional, que apresenta como um mentiroso.
Segundo o Expresso, jornal português, George mentiu quanto às universidades que teria frequentado.
Mentiu quanto à carreira de sucesso na Wall Street.
Mentiu quanto a ter trabalhado na Goldman Sachs e no City Group.
Mentiu quanto às origens familiares, pois afirmou que os seus avós tinham escapado do Holocausto (o seu eleitorado era essencialmente judeu).
Na verdade, ele é brasileiro e sem qualquer ligação judaica.
Disse que a mãe escapara do 11 de Setembro e que morrera de um câncer relacionado com o caso — a mãe nem estava nos EUA em 2001.
Santos também solicitou auxílio-desemprego em 2020 devido à pandemia de covid-19, apesar de estar empregado em uma empresa de investimentos.
Ele recebeu os benefícios por quase um ano.
Anteriormente, no ano de 2008, Santos foi acusado no Brasil do crime de estelionato, sendo indiciado por estelionato.
Usou cheque sem fundos em uma loja em Niterói.
Fechou um acordo de não persecução penal (ANPP) com o Ministério Público, pagando R$ 14 mil a loja que deu o golpe
Aguarda-se o desfecho do caso na justiça americana.
O Partido Republicano considera que as pessoas o elegeram livremente e que, por isso, tem legitimidade para ficar.
Analistas políticos garantem que, historicamente, este é um caso nunca visto.
É um precedente perigoso se não tiver consequências e se George Santos puder cumprir o seu mandato de congressista.
Parece que vai cumprir.
Se fosse no Brasil, o que diriam os revoltados de sempre????
