Postado às 06h01 | 21 Mai 2023
Ney Lopes
Após quatorze anos, o Brasil retornou neste ano à cúpula do G7, o fórum de chefes de Estado e a União Europeia (UE).
O grupo reuniu-se-neste fim de semana em Hiroshima, no Japão.
O G7 é integrado por sete países: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Esses países democráticos, alinhados politicamente, respondem por 45% do PIB mundial,
O Brasil participou pela sétima vez na condição de convidado do evento – todas durante governos Lula, sendo a última em 2009.
É o único país da América do Sul com representante no encontro
Em março de 2014, a Rússia foi expulsa do Grupo, devido ao seu envolvimento na Crise da Crimeia.
Ainda que a China seja a segunda maior economia do mundo, com um PIB de US$ 15,4 trilhões, o país foi excluído do G-7, porque sua renda per capita ainda a posicionava como um país em desenvolvimento.
Depois de erradicar a pobreza extrema, o país permanece de fora por divergências políticas
A escolha de Hiroshima como sede do encontro este ano, foi em razão do massacre com armas nucleares sofrido pela cidade, no final da II Guerra Mundial.
O Japão sediando o encontro reforçou a campanha pelo desarmamento nuclear e abre o debate sobre o principal tema da atualidade, que é a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O presidente Lula certamente constrangeu-se, pelas suas ligações com a China, diante da decisão mais dura desse encontro, que é punir com ““custos elevados” os países que ajudem Rússia a contornar as sanções impostas.
O tema é delicado para o Brasil, que tem apelado para uma posição de neutralidade da sua política externa ao evitar posicionamentos contrários ao governo de Putin
Momento de tensão foi a divulgação. durante o encontro, de um comunicado duro da China, em resposta ao G7, que abordara a questão de Taiwan.
Reafirmaram os chineses, “que a ilha é uma parte inalienável do território chinês, desde os tempos antigos” e a defesa do princípio de “uma só China” para Pequim desenvolver relações com outros países”.
A nota acusou o G7 de ignorar os fatos e interferir seriamente nos assuntos internos da China, em questões relacionadas com Taiwan, Hong Kong, Xinjiang e Tibete.
Do ponto de vista do Brasil, a participação no G7 foi importante para reabrir o diálogo com as grandes potências, fortalecer a capacidade de liderança regional e internacional dentre países emergentes, bem como demonstrar estabilidade política e econômica para atrair investimentos
Entretanto, há opiniões discordantes.
Alguns consideram que o presidente Lula tenta ser um protagonista da política internacional e deixa de lado assuntos que interessam ao país, engajando-se em discussões sobre a guerra da Ucrânia.
Os que defendem tal ponto de vista, entendem que a prioridade deveria ser liderança na agenda climática, defesa da democracia e da ordem liberal internacional, com ênfase numa agenda da política externa brasileira, que seria a democratização e reforma das instâncias internacionais, com o fortalecimento do multilateralismo – bandeira que o Japão, a Alemanha e a Índia defendem.
Mesmo com essas controvérsias, o Brasil muda a sua política externa e avança de acordo com as tradições do Itamaraty, uma escola de diplomacia respeitada em todo o mundo.
O que não poderíamos era aceitar o isolacionismo.