Postado às 05h55 | 12 Ago 2020
Ney Lopes
Deus queira que a previsão não se concretize. Mas, parece que se instala a mais grave crise política no governo Bolsonaro. O presidente da Câmara e o ministro da economia se uniram e resolveram “forçar a barra”.
A meta é fazer o que sempre o “tzar” Paulo Guedes desejou fazer, que é desmontar a máquina pública, esvaziá-la e vender o patrimônio nacional, como única forma de arrecadar recursos e não onerar o “andar de cima” com tributações como lucro e dividendos, impostos sobre fortuna, taxar patrimônio e renda como recomenda a OCDE, “pente fino” nas dádivas de incentivos, isenções e juros subsidiados liberados sem fiscalização e por prazo indeterminado.
Não se pode negar ao “tzar” que seja um homem de formação acadêmica.
O obstáculo que o “tzar” enfrenta não é a oposição, vermelhinhos, petistas ou comunistas, como se fala no jargão do governo. A força que “pondera” acerca dos rumos da política econômica tem origem nos militares e no próprio Presidente, que se opõem ao liberou geral pregado pelo “tzar” e sua equipe.
Essa linha de pensamento significa não aceitar integralmente a regra do “guru” do “tzar Paulo Guedes” o economista Milton Friedman, que impõe o modelo do capitalismo de acionistas, do início dos anos 60.
Friedman sacralizou a regra de "financeirização" da economia, ao defender o binômio de que o “lucro” gerado pelas empresas privadas é o único motor da sociedade e e que o mercado se autorregula, sem necessidade do estado, que deve ser reduzido ao máximo.
Com as ameaças de “debandada”, num período difícil de recuperação econômica, o Brasil está entre a “cruz e a espada”, ou seja, o dilema de optar pelo esvaziamento do Estado, sem critérios ou prioridades, ou, buscar alternativas de bom senso, que adotem a austeridade de gastos, o combate a gastança, as mudanças necessárias na administração, porém acompanhadas da divisão de sacrifícios com o “andar de cima”, o que até hoje o “tzar” não aceita fazer.
O lastimável é Rodrigo Maia apoiar o ministro Guedes, quando por herança, ele deveria ser mais “César”, do que “Paulo”.