Postado às 16h28 | 07 Out 2020
Ney Lopes
O que se espera é que, qualquer que seja o resultado da eleição americana, Brasil e Estados Unidos preservem o desenvolvimento socioeconômico latino-americano e, sobretudo, avancem numa agenda bilateral mutuamente benéfica no comércio, investimentos, defesa, saúde, educação e ciência, tecnologia e inovação.
Em política tudo muda, mas o favoritismo no momento inclina-se na direção do candidato democrata, Joe Biden. A estratégia de Trump de negar a Covid 19 não deu certo. Cai a cada dia nas pesquisas em estados vitais como, por exemplo, Pensilvânia, Florida, Arizona e Carolina do Norte.
O contágio do presidente e o surto de casos na Casa Branca colocaram a pandemia no centro nevrálgico da campanha. Esse cenário é o que os democratas queriam. Os últimos sinais indicam que Trump se prepara para passar ao ataque, posição em que atua muito melhor do que na defensiva.
A estratégia é a de minimizar a ameaça do vírus para se apresentar-se como o único candidato disposto a reabrir o país e salvar a economia.
Diante da incerteza do resultado das urnas é imperioso que o governo brasileiro mantenha prudente distância do embate político – como manda, aliás, a tradição diplomática brasileira. A vitória de Biden significará a volta dos EEUU à UNESCO e a OMS, com mudança no padrão de voto do país nos foros ambientais e nos mecanismos internacionais de direitos humanos. O Acordo de Paris, a agenda securitária dos EUA para o Oriente Médio e o entendimento com Cuba retornarão naturalmente para a agenda de política exterior americana.
Sob um governo democrata, o Brasil não estará no centro das prioridades.
Caberá a nossa diplomacia, se o Presidente concordar, lidar de forma diferente da atual, com temas globais que receberão abordagens opostas às que atualmente prevalecem na Casa Branca. Será necessário que Brasília e Washington tenham verdadeira parceria estratégica – sem subordinação de interesses, ou alinhamento automático.
Afinal, ninguém pode negar a importância de manter relação de equilíbrio, com a principal potência internacional.