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Análise: "Bolsonaro: vivo ou morto para a política?"

Postado às 05h27 | 04 Jan 2024

Ney Lopes

O livro “Biografia do Abismo” é radiografia da eleição de 2022 analisa as causas da derrota do ex-presidente Bolsonaro e se ele continua vivo na política brasileira.

Trata-se de visão realista, que deveria servir de reflexão ao bolsonarismo extremado e inflexível, para evitar a continuidade de erros, que em 2022 ajudaram a eleição do presidente Lula.

Bolsonaro poderia ter ganho a eleição, se não tivesse adotado algumas posturas.

Ele teve em 2022, a grande chance de tornar-se líder majoritário do Brasil.

Vejamos.

Permitiu o ministro Paulo Guedes, técnico competente, negar o discurso da distribuição de renda.

Levou o governo a insurgir-se contra o serviço público e a classe média.

A orientação econômica encampou a tese dos “lobbies” econômicos de considerar demagogia e populismo as políticas sociais distributivas.

Não se nega que as ações de governo devem buscar o equilíbrio fiscal.

Inclusive, porque as “políticas distributivas de isenções, incentivos” etc., sem prestação de contas (tratam-se de impostos não recolhidos) conspiram também contra a redução do déficit fiscal, mas são necessárias.

Bolsonaro abriu “frentes” ao negar a vacina, confrontar-se com o STF/TSE (discordar é legítimo, através de recursos), atritar-se com estados e municípios, criar a ficção de fraude nas urnas eletrônicas e uma política externa isolacionista.

Transmitiu a ideia da demonização do serviço público, privatização ilimitada e liberdade de mercado sem regulação, o que não existe nem nos Estados Unidos.

O governo afastou-se do liberalismo social.

A história mostra, que o liberalismo social contestou normas sociais vigentes, como o privilégio hereditário, Estado confessional, monarquia absolutista, o direito divino dos reis e implantou o imposto de renda.

A equipe de ministros de Bolsonaro foi um ponto positivo na administração, com resultados pouco divulgados na eleição.  

O único ministro que apareceu, o das Comunicações, Fábio Faria, montou farsa com a propaganda eleitoral e ajudou na derrota.

Foi o primeiro a debandar, depois da eleição.

Ao contrário, o ministro Rogério Marinho correu risco de atritar-se com o “poderoso” Paulo Guedes e alertou sobre a necessidade do governo investir em obras públicas.

A ministra Tereza Cristina da Agricultura fez extraordinário trabalho na consolidação do agronegócio brasileiro, hoje o sustentáculo da nossa economia.

O ministro Tarcísio de Freitas, da Infra estrutura, mostrou extrema competencia administrativa e política. 

Ajudaram na campanha da  reeleição.

Resta saber se Bolsonaro está morto politicamente.

O livro “Biografia do abismo” diz que “a política é um dos poucos lugares em que você pode ressuscitar, sem precisar morrer antes".

Lula e ex-governador Eduardo Campos (PE) foram vítimas de campanhas sórdidas.

No final, o petista voltou à presidência e o pernambucano elegeu-se governador duas vezes e fez ainda o sucessor.

A conclusão é que Bolsonaro está vivíssimo.

A eleição de 2022 foi a mais acirrada da história, desde 1989, tendo sido decidida por 1.8 pontos percentuais entre o primeiro e o segundo colocado.

Lula sabe disso e já procura cooptar quem não votou nele no agronegócio, evangélicos (planeja pacote de isenção fiscal para igrejas) e até militares.

Caso o Bolsonaro revise posicionamentos e ouça mais quem deve ouvir, o presidente Lula terá dificuldades e poderá até perder adeptos.

Tudo dependerá dele.

Ou melhor, do temperamento dele!!!!

 

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