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Análise: "Bolsonaro e o exemplo de Lula"

Postado às 05h54 | 23 Jul 2020

Ney Lopes

O sucesso da mudança de estilo político do governo, na última votação do FUNDEB, parece ter aberto os “olhos” de Bolsonaro. Assessores diretos recomendam o afastamento dele do núcleo de apoiadores radicais, caso o presidente deseje se manter no cargo e ter chances de reeleição.

A avaliação é a de que Bolsonaro precisa analisar o exemplo do ex-presidente Lula, no início do seu governo. Na época, a ala mais radical do PT se opôs à reforma da Previdência. Esse grupo acabou deixando o partido para fundar o PSOL, a pretexto de resgatar bandeiras da esquerda, sob o slogan “socialismo e liberdade”. De uma só vez, 400 petistas assinaram a desfiliação. A movimentação coincidiu com a mais grave crise política de Lula, o escândalo do mensalão.

Entretanto, Lula manteve o símbolo do “pragmatismo político”, que acabou marcando os 13 anos dos governos petistas. Agora, Bolsonaro é aconselhado a agir da mesma forma que Lula. Sabe-se que o presidente ouve muito os radicaus de ultradireita, que têm acesso direto a seu filho, vereador Carlos Bolsonaro e o aliado Olavo de Carvalho.

Há relatos, de que essa “ala” aconselhou a não fazer gestos políticos a outros poderes e até à imprensa. O propósito desse grupo, com características de insanidade política, é reviver 1964, inclusive com regras jurídicas assemelhadas ao AI-5.

Foi tentada até interpretação absurda do artigo 142 da Constituição, que na prática garantiria intervenção militar do país, acima dos poderes Legislativo e Judiciário. Mas, além do STF, setores lúcidos das Forças Armadas se manifestaram contrários.

A verdade é que nos últimos dias, sobretudo após a “quarentena” que obriga o Presidente falar “menos”, o governo tem tido mais tranquilidade política. Certamente, os sinais dos chefes militares, que deixaram claro não aceitarem lesões institucionais no país, tornaram Bolsonaro consciente, de que o caminho dos radicais será inviável.

Pelo que se vê, os militares querem influir no governo, através de suas teses e reivindicações, o que já conseguiram. Porém, não querem ter a responsabilidade de governar o Brasil.

 

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