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Análise: "Bolsonaro e a “mulher de César”"

Postado às 10h24 | 09 Jun 2020

Ney  Lopes

O Poder Judiciário falou nesta segunda, 8, através do presidente do STF, Dias Toffoli, durante uma “live” da Associação dos Magistrados Brasileiros, em defesa da democracia. Na ocasião, associações de magistrados, integrantes da PF e do MP e entidades da sociedade civil (mais de 200) entregaram manifesto de apoio ao Judiciário. O tema central foi pedido de “trégua” ao presidente Jair Bolsonaro, cujas atitudes, segundo o magistrado, “têm trazido dubiedade e assustado a sociedade brasileira”.

A expressão “trégua” significa “armistício”, cessação transitória de hostilidades. O texto do manifesto é considerado uma demonstração de força do STF, em meio a atritos institucionais. Nele, as entidades argumentam, que atacar o STF significa ameaçar todo o Judiciário e os valores democráticos do Brasil. É destacada, ainda, a importância de preservar princípios republicanos para combater as crises sanitária e econômica, provocadas pela epidemia da covid-19.

Neste sentido, torna-se imprescindível a preservação da pluralidade política, a separação harmônica entre os Poderes, direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e as prerrogativas dos integrantes do sistema de Justiça. A iniciativa do manifesto não teve origem em posicionamentos políticos antigoverno.

Os fatos consumados falam por si só. Há no Brasil de hoje “flertes” com o autoritarismo. Em abril, o presidente, em cima de uma caminhonete, fez discurso inflamado e elevou o tom do confronto com o Congresso e STF. Diante do QG do Exército pregou o fim da “patifaria”, numa manifestação com cartazes, que reivindicavam até a volta do famigerado AI 5.

Em resumo: o presidente Bolsonaro, legitimamente eleito pelo voto livre dos brasileiros, precisa ter comportamento, que não provoque dúvidas de suas convicções democráticas.

A propósito vale lembrar a frase de 62 antes de Cristo, quando Júlio César, em relação a sua esposa Pompeia, disse: “a mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer que é honesta”.

Afinal, as ações falam mais do que a intenções!

 

 

 

 

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