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Análise: Biden e a “dor de cabeça” dos democratas

Postado às 05h55 | 18 Set 2023

Ney Lopes

A eleição para presidente dos Estados Unidos será em 5 de novembro de 2024.

Porém, já começa a disputa informal entre os dois partidos – Democratas e Republicanos –, que dominam a política americana.

Os republicanos têm as dificuldades conhecidas em relação ao seu candidato natural Donald Trump, que insiste em disputar.

O grande problema está sendo para o partido democrata.

Joe Biden, 80, não é um forte “recandidato” à presidência dos Estados Unidos.

Mas é a única pessoa que poderia evitar um regresso de Trump à Casa Branca.

Nos últimos meses, novas ameaças atingem o caminho do atual Presidente dos EUA .

Nenhuma delas é encabeçada por rivais declarados.

Trata-se do chamado “fogo amigo”.

Além disso, Biden foi diagnosticado com o distúrbio chamado apneia obstrutiva do sono, que provoca interrupções na respiração enquanto a pessoa dorme.

O tratamento utilizando o equipamento nasal ligado à uma máquina ajuda a manter o trajeto do ar nas vias aéreas livre de obstruções.

Esse distúrbio está ligado à maiores chances de desenvolver um ataque cardíaco.

Os democratas preocupam-se pelo fato de que em 2020 a eleição foi decidida em favor de Biden com uma margem de apenas 43 mil votos, nos estados do Arizona, Geórgia e Wisconsin.

Esse fato, levanta a hipótese de que existindo o “terceiro” candidato em 2024 (como provavelmente existirá), com ideias de centro-esquerda, aumentam as chances de Trump.

Pesquisa recente revelou que 44% dos eleitores registrados estariam abertos a candidato de um terceiro partido.

O curioso é que há mais democratas favoráveis (45%) do que republicanos (34%).

O terceiro nome fatalmente será do movimento político chamado “No Labels” que pode conseguir captar não só pessoas que normalmente votam nos independentes ou terceiros partidos, mas também pessoas que mudaram de partido - aquelas que votaram em Trump em 2016 e depois votaram em Joe Biden em 2020.

O movimento No Labels - “Sem Rótulos”-, nasceu em 2010 como contrapeso ao conservadorismo dos republicanos e sempre teve como principal objetivo a defesa de iniciativas legislativas que reunissem apoio tanto de republicanos, como democratas

Dizem ser pelo bipartidarismo e pela moderação.

Hoje representa em torno de 5% a 8% do eleitorado, que foi em 2020 uma parte fundamental da coligação Biden e será essencial para ele ser reeleito.

Trump terá dificuldades em vencer a eleição sem a presença do “No Labels” para ajudá-lo.

Segundo a NCB, 70% dos eleitores acham que Biden não devia apresentar-se de novo como candidato à presidência.

Entre estes 51% são democratas.

Biden terá de puxar muito pelo voto antiTrump e tentar obter o máximo de apoios possível das outras alas do partido.

Atualmente, o “No Labels” está inscrito em quatro estados: Alasca, Arizona, Colorado e Oregon.

A legislação eleitoral norte-americana permite a entrada de candidatos independentes, ou que façam parte de movimentos que não são partidos, na corrida à presidência.

É apenas preciso reunir um certo número de assinaturas, diferente de estado para estado.

Em 2016, um candidato que quisesse concorrer de forma independente precisava de ter reunido cerca de 860 mil assinaturas.

A idade de Biden tem sido outro complicador.

Se vencer, terá 82 anos quando tomar posse e 86 quando terminar seu mandato — o que o estabeleceria, pela segunda vez, como a pessoa mais velha a assumir a Presidência dos Estados Unidos.

Mesmo diante dessas circunstâncias, Joe Biden já anunciou que disputará a reeleição, conclamando os eleitores a deixá-lo “terminar este trabalho” e revivendo a possibilidade de um novo duelo com o ex-presidente Trump.

Sem dúvida, uma “dor de cabeça” para o partido Democrata.

 

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