Postado às 16h27 | 22 Jul 2024
Ney Lopes
O tiro de espingarda do agressor, que tentou matar Donald Trump, acertou a orelha do ex-presidente, mas não a sua audição ou visão política.
Pelo discurso proferido na Convenção, ele continua o mesmo, e talvez pior.
Por tal razão, a decisão do presidente Biden de afastar-se da eleição presidencial é outro momento recente e emocionante para a democracia.
O exemplo vem dos cerca de 200 candidatos franceses, que se afastaram e colocaram suas ambições pessoais em espera para salvar sua democracia da extrema direita.
O mesmo mérito teria se fosse para salvar a democracia da extrema esquerda.
Joe Biden já colocou seu nome na história, como quando virou o jogo quase perdido nas prévias democratas, em 2019, para se tornar candidato à presidência.
Ou quando venceu Donald Trump e a extrema-direita americana em 2020.
Ou quando liderou os esforços no Senado para aprovar legislações sobre crimes violentos contra mulheres.
Agora, abriu as portas para o que o mundo desejava, mas não mais acreditava: a possível disputa entre a mulher negra filha de imigrantes contra o líder da política anti-imigração dos Estados Unidos.
Trump prefere Biden
A equipe de Trump preferia que Biden ficasse na corrida, acreditando que seus baixos números de aprovação e as dúvidas generalizadas dos eleitores sobre a sua saúde representavam a melhor chance de o ex-presidente recuperar a Casa Branca.
Mesmo assim, Trump já preparava um ataque à vice presidente Kamala.
Como ex-promotora e procuradora-geral, Kamala enfrentou fraudadores e criminosos como Trump, durante toda a sua carreira. Se eleita em novembro, ela não seria apenas a primeira mulher presidente, mas também a primeira asiático-americana e apenas a segunda presidente negra, depois de Obama.
Qualquer outro candidato levaria semanas adicionais para construir uma campanha e ganhar reconhecimento público – e há apenas 10 semanas entre a convenção democrata e a eleição de 5 de novembro.
A Sra. Harris, como vice-presidente em exercício, tem sido vista pelos principais democratas como a candidata substituta natural desde junho.
Origem de Kamala
Além de ser descendente de pessoas escravizadas e de pessoas negras, que saíram da colonização, também enfrentou a experiência de viver em comunidades predominantemente brancas, incluindo um breve período no Canadá, quando sua mãe lecionou na Universidade McGill, em Montreal.
Em 2014, já senadora, Kamala Harris casou-se com o advogado americano Doug Emhoff de descendência a judia, que é candidato a ser o “Segundo Cavalheiro”, primeiro homem a ostentar esse cargo tão difuso, mas complexo de toda a liturgia do poder norte-americano, que outorga tanto protagonismo aos cônjuges dos cargos eleitos.
A mídia frequentemente retrata Kamala Harris como o exemplo de uma família americana moderna e diversificada.
A essa altura, não resta dúvidas, de que o melhor caminho a seguir para o Partido Democrata é unir-se rapidamente em torno da vice-presidente Harris e concentrar-se novamente em ganhar a Casa Branca.
Afinal, o ator George Clooney, amigo de Biden, teve razão ao dizer que a única batalha que ele não pode vencer é a luta contra o tempo.
Nenhum de nós pode.
“Onde foi casa é tapera” – diz o ditado.
Sou político desde 14 anos, quando disputei uma eleição estudantil.
Hoje, saudoso e mesmo afastado pelas circunstancias locais, acompanho a política com muito interesse.
E faço análises e avaliações diárias.
Preocupa-me o futuro do RN. Vejamos.
O normal são as influências do governo na formação de lideranças.
Não parece que esse espaço seja preenchido pela governadora Fátima Bezerra.
A governadora, segundo pesquisas, desfruta de índices muito baixo de aprovação.
Não há nomes despontando no sistema dela.
Tudo leva a crer que o projeto político de Fátima seja em 2026 aproximar-se de Lula e conseguir o “patrocínio” para ser ministrada de estado, caso o petismo mantenha-se na presidência.
Ou até disputar deputação federal.
Já a oposição também não demonstra “vontade política” em bloco, na busca de voltar ao governo do estado.
As preocupações dos seus integrantes são individuais com reeleições, garantindo colégios, a nível municipal.
O prefeito Álvaro Dias se fecha, no seu estilo.
Não se sabe o que ele pensa.
Esquece, que a sorte não bate duas vezes na mesma porta.
Carlos Eduardo prefere jogar com os trunfos de popularidade, que conseguiu no passado.
Paulinho Freire vem com o endosso empresarial para implantar o Plano Diretor na cidade de Natal. Allyson Leandro, prefeito de Mossoró, credenciando-se na linha de largada.
E o senador Rogério Marinho, ao que se diz, concentra o seu projeto político em ser candidato a vice-presidente da República, no PL.
Para isto, lutou nos bastidores (sua especialidade) para ser secretário geral do partido.
E conseguiu.
Nomes diferentes não aparecem.
Os “donos de partido” não permitiram, nem filiações no passado para evitar pressões e ameaças ao manuseio do milionário Fundo Partidário.
Completo vazio de ideias, propostas, inovações.
Para onde caminha mesmo o RN?
Talvez, para permanecer onde está, praticando a mediocridade política.