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Análise: "Belarus, a última ditadura da Europa"

Postado às 16h59 | 13 Ago 2020

Ney Lopes

O continente europeu ainda abriga uma ditadura duríssima, em Bielorrússia ou Belarus, um país isolado, sem saída para o mar, que faz fronteira com a Rússia, Ucrânia, Polônia, Lituânia e Letônia. Belarus tem sistemas de controle e repressão dos mais rigorosos do mundo.

Com a internet censurada é o único país da Europa onde a pena de morte está prevista em lei. E a tortura é prática corrente.

O presidente Lukachenko está na presidência há 26 anos.  Nascido em área rural (1954) nunca teve destaque na sua privada, como militar, ou membro do Parlamento.

Audacioso, em 1994 combateu o então premier Vyacheslav Kebich, acusado de se apropriar de dinheiro público, denúncias jamais provadas. Amparado por uma plataforma populista e a promessa de combater a corrupção, ganhou a eleição com 80% dos votos. Logo, os opositores passaram a ser perseguidos, duramente reprimidos e a imprensa livre silenciada.

A nação tem tradição autocrática, herdada dos tempos soviéticos.

No último domingo realizaram-se eleições e Lukachenko eliminou as esperanças dos seus opositores chegarem ao poder. Durante a campanha, a opositora Svetlana Tikhanovskaya, de 37 anos, se tornou rival do autocrata.

A candidata pediu a seus seguidores que usassem uma pulseira branca quando fossem votar e fotografassem suas cédulas para dificultar a fraude.

De nada adiantou e por isso multidões estão ruas, pedindo a anulação do pleito, enfrentando violenta repressão. Já houve mortes.

A Comissão Europeia condenou o quadro de beligerância e exigiu recontagem "exata" dos votos. Enquanto isto, os líderes russos e chineses Vladimir Putin e Xi Jinping parabenizaram o presidente Lukashenko pela sua permanência no poder.

Curiosamente, o reeleito mantem-se em posição isolacionista, em relação a pandemia. Recusou-se a adotar medidas de isolamento social, além de receitar tratamentos alternativos à população, como “sauna e vodca”. Também afirmou que “era melhor morrer em pé do que viver de joelhos”.

Será difícil retirar Lukachenko do poder. Mas, com a intensa reação da comunidade internacional, tudo poderá acontecer.

É aguardar.

 

 

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