Postado às 06h44 | 29 Dez 2020
Ney Lopes
Pessoalmente, até torço pelo sucesso do governo Bolsonaro.
Reconheço alguns ministros eficientes no seu governo. Há, entretanto, momentos que me trazem profundas inquietações e perplexidades.
Ontem, 28, foi um desses dias, ao ouvir declarações do presidente Bolsonaro, após um jogo recreativo em Santos. Confesso que só acreditei por ter visto ao vivo na TV.
Como é possível um presidente da República de um país continental como Brasil, por mais sincero que seja, pôr em dúvida “vacinas” aprovadas pela ciência e já em aplicação em mais de 50 países do mundo?
Será que somente ele está certo e os demais governantes são irresponsáveis e põem em risco a saúde pública nos seus países? Vejo os profissionais da saúde do mundo aconselharem o isolamento social, como única forma de prevenir a pandemia, embora todos reconheçam que isso prejudica a economia, retira empregos e leva pais de família a ficarem sem ganhar o pão da família.
Mas, o mínimo de racionalidade responde a essa pergunta, com a conclusão de que a economia somente voltará ao normal com sacrifícios, inclusive do isolamento social.
Não há outra saída.
A Suécia, tão citada anteriormente como exemplo pelo presidente, fez o contrário. Agora, reverteu tudo, faz isolamento super rigoroso e o vírus se propaga lá.
Dói ouvir o presidente repetir que o STF lhe tirou autoridade e transferiu para estados e municípios no combate a covid19. Para não usar outro termo, uma interpretação absolutamente equivocada.
No acórdão do STF está aplicada a Constituição literalmente, que manda dividir responsabilidades com estados e municípios. O STF foi claro, ao proclamar que toda a competência do Presidente era mantida, para coordenar essas ações no país.
Entretanto, a decisão do STF foi distorcida e causa até hoje absoluto descontrole, com crises sucessivas, decorrentes da ausência do governo federal na coordenação do combate à epidemia.
Neste início de ano, só resta rogar a Deus para que, com humildade, o presidente mude esses seus conceitos de “isolacionismo” e entenda que somente com a vacina e a paz social o Brasil sairá dessa crise sanitária.