Postado às 05h19 | 31 Jan 2024
Presidente Milei e uma motosserra, símbolo de sua ca mpanha.
Ney Lopes
Oposicionistas ao presidente Javier Milei da Argentina, promoveram greve geral, cujo “slogan” da mobilização era “A Pátria não se vende”.
Embora não seja estrategista de opinião pública, veio-me à mente um “recado” que Milei poderia dá aos seus ferozes adversários: “Realmente, a Pátria não se vende. Pátria reconstrói-se”.
Independente de apoiar ou não o presidente Milei, não se pode negar que ele está ao seu modo, tentando reconstruir a Argentina.
Os números mostram, que os longos períodos da dinastia presidencial Kirchner de Nestor (2003-2007) e Cristina (2007-2015; vice-presidente até 2023) levaram o país ao fundo do poço.
A taxa de pobreza aumentou para cerca de 40 por cento da população.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC), a Argentina terminou 2023 com uma inflação anual de 211,4%, o índice mais acentuado da América Latina, superando até mesmo a Venezuela.
Poderá caminhar para 200 por cento, até ao final deste ano.
A realidade da Argentina atual, não condiz com o seu passado, quando já esteve entre as nações mais ricas do mundo.
Agora, a sua economia é apenas a terceira maior da América Latina, muito atrás do Brasil e do México.
Décadas de governos ineptos arruinaram o país e a sua sociedade.
Milei continua a gozar de amplo apoio entre os argentinos.
Uma pesquisa realizada este mês, pelo instituto de pesquisas Escenarios, constatou que 55 por cento dos entrevistados acreditavam que as medidas de reforma de Milei eram necessárias para melhorar a economia.
É essencial lembrar, que na campanha eleitoral Milei anunciou tudo que está fazendo, sob o argumento de que uma nação semidestruída nos seus alicerces econômicos teria que passar por sacrifícios para atingir a recuperação.
Espero que o retorno futuro da normalidade econômica, beneficie também o bolso dos excluídos sociais.
Não se justifica o tipo de liberalismo, que prega cortar gastos públicos, cortando o estômago dos mais pobres.
Esse caminho favorece o populismo e enfraquece a democracia.
A Alemanha é exemplo. Perdeu duas guerras mundiais, que deixaram o país destruído.
Com políticas de austeridade, a nação tornou-se o gigante econômico do continente, sem nunca esquecer as obrigações de uma verdadeira democracia social.
Por mais que existam rivalidades, o destino do Brasil e Argentina está entrelaçado.
Representa 39% do nosso comércio com a América do Sul.
As relações bilaterais são estratégicas para a nossa inserção na região e no mundo.
A construção de uma relação política, contribui para garantir espaço regional de paz e de cooperação.
Acima das diferenças ideológicas, interessa ao Brasil a “reconstrução” da Argentina.
Até agora, observa-se que o país tem preservado as instituições democráticas.
Uma prova foi a negociação do governo Milei com a oposição para aprovar, em parte, a proposta voltada para a superação da crise econômica.
Sem dúvida, avanço!