Postado às 06h43 | 25 Jun 2021
Ney Lopes
Não se pode negar, nem minimizar, a importância histórica da visita do presidente Bolsonaro ontem, 24, ao RN.
Graças a obstinação do seu ministro do desenvolvimento regional, Rogerio Marinho, foi anunciada a liberação de R$ 38 milhões para a conclusão da Barragem de Oiticica, localizada em Jucurutu, que se encontra 90% pronta e tem previsão de ser finalizada até dezembro deste ano.
A obra receberá as águas do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco.
Trata-se de um sonho dos norte-rio-grandenses de mais de 70 anos, agora realizado.
Em seguida, na cidade de Pau dos Ferros foi assinada a ordem de serviço para a construção do Ramal do Apodi, obra que, com um custo de R$ 938,5 milhões, levará água a 54 municípios e beneficiará cerca de 750 mil pessoas no Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará.
Considerando-se que a recuperação pós pandemia passará pela atividade agrícola, o RN expande a sua infraestrutura para atividades agropecuárias, que poderão significar maior prosperidade e bem-estar social.
Infelizmente, neste cenário de otimismo e avanços, o RN assistiu na visita do presidente alguns episódios que demonstram os efeitos nocivos da radicalização política que toma conta do país.
Não se pode deixar de considerar estranha a decisão do Palácio do Planalto de não comunicar a visita oficial do presidente à governadora Fátima Bezerra.
A chefe do executivo poderia comparecer ou não. Decisão dela. Mas teria que ser convidada.
Por outro lado, linguajar desproposital, inábil e inoportuno usado pelo ministro das comunicações, ao chamar a governadora do estado de “mentirosa”, e "cara de pau", referindo-se ao processo de vacinação estadual. Colocou a chefe do executivo em cena, como vítima, quando estava fora.
Prevaleceu o comportamento político provinciano e não a postura de um ministro de estado, em momento de crise da saúde pública.
Se a governadora faz justiça ou não ao esforço do governo federal em enviar vacinas para o estado é outro problema.
A população sabe que o governo federal é quem fornece as vacinas, aliás com maior eficiência após a investidura do ministro Marcelo Queiroga.
O que não pode é politizar a vacina, de um lado, nem do outro.
O imunizante tem que ser “aplicado” na população, como está sendo, com as participações da União, Estados e municípios.
Há ainda outro fato infeliz na visita de ontem
O que ganhará o presidente Bolsonaro ao contrariar protocolo sanitário e durante a sua presença em Pau dos Ferros tomar uma criança de 10 anos aos braços e tirar-lhe a máscara, dando exemplo da desnecessidade dessa forma de proteção?
Meu Deus!
Em que soma esse gesto presidencial, contrariando o que diz o seu ministro da saúde?
Um mínimo de sensatez indicaria comportamento mais racional, até porque a reeleição está próxima e tais atitudes retirando-lhe votos, ninguém se engane.
Alguns “áulicos” de plantão, ao invés de elogiá-lo sempre, deveriam abrir-lhe os olhos.
A pesquisa do IPEC de ontem já mostra claramente os riscos políticos para 2022.
E esses riscos não se resumem apenas na possibilidade de Bolsonaro perder a eleição.
Não se deseja que voltem ao poder aqueles que destruíram o país pelo vandalismo da corrupção, o que é inadmissível.
O Brasil não merece isso.
Haverá de surgir, ainda, uma luz no final do túnel.