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Análise: "A reconstrução da direita no Brasil"

Postado às 08h43 | 10 Jul 2023

Ney Lopes

A semana começa com sinalizações políticas ainda não bem definidas no país.

A aprovação na Câmara dos Deputados da reforma tributária deixa uma lição importante.

O presidente Lula não desejava essa reforma.

Ele tinha a mesma posição de Bolsonaro: era contra e desejava aprovar primeiro o marco fiscal.

Entretanto, com inegável capacidade de assimilação política, quando percebeu que a articulação do deputado Arthur Lira era perfeita e definitiva, resolveu apoiar a distância a proposta.

Evitou divisão na frágil base política que o apoia.

Politicamente, agiu certo.

O Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) comanda o mesmo tipo de “bloco político-empresarial” estruturado por Eduardo Cunha (MDB-RJ), que ocupou o cargo em 2015 e 2016.

Menos “falastrão” e agressivo do que o emedebista, Lira conduz as relações do chamado centrão com o governo de uma forma que poderá levar sua carreira política mais longe, interpretam os analistas.

Arthur Lira começou a ser chamado de Rei Arthur, dado o tamanho de seu poder na Câmara

Lira vai devagar e sempre.

Ele é realista.

Dialoga com o presidente Lula no mesmo nível.

Impõe a importância do colegiado que preside.

Não cede fácil.

Lira é um personagem que sempre trabalhou junto com Cunha, mas aparecendo pouco.

Lira ainda não definiu muito bem qual é a relação dele com o bolsonarismo.

Ele ainda não se declarou bolsonarista-raiz.

Mantem posição equidistante.

Não se sabe se Lira continuará apostando que Bolsonaro vai ser um puxador de voto, lhes dará futuro político, ou se fará como fez o PMDB depois que o PT ganhou a eleição presidencial de 2002, que é aderir.

Por exemplo, Temer apoiou em 2002 [José] Serra [do PSDB]. Em 2006, ele apoiou [Geraldo] Alckmin [à época do PSDB]. Então Temer era um cara que resistia a passar para a esquerda.

Depois, em 2006, ele se casa com o PT e vira vice de Dilma.

Por outro lado, Valdemar Costa Neto [PL], Ciro Nogueira [PP], Lira [PP], Kassab [PSD] vão conseguir domesticar Bolsonaro?

Ou Bolsonaro vai continuar o comportamento psicótico, que não dá para confiar nele?

Fora do governo e com posições irracionais no debate econômico, a tendência é que o segmento bolsonarista perca cada vez mais sua influência.

A reconstrução da direita democrática poderá começar pelo posicionamento do diálogo supra partidário, cujo nome equilibrado e de bom senso que surge é o governador Tarcísio de Freitas de SP.

Caso supere as dificuldades dos segmentos fanatizados  do bolsonarismo, ele poderá surgir como o nome certo para uma coalizão de centro-direita no país, cooptando inclusive áreas da esquerda, não radicais.

Aguardemos!

 

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