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Análise: "A nota de R$ 200 reais"

Postado às 06h08 | 03 Set 2020

Ney Lopes

O Banco Central pôs em circulação ontem, 2, a nota de R$ 200. A iniciativa atende a aumento de demanda, especialmente por causa de saques do auxílio emergencial, durante a pandemia. Organizações anticorrupção da sociedade civil dizem que a cédula de valor maior facilita crimes financeiros.

Do réis ao real, o Brasil já teve nove moedas.

As “patacas” foram as que circularam por mais tempo (139 anos). O atual real foi instituído em 1994, quando o BC determinou a substituição de todo o dinheiro em circulação. A nota de R$ 200 vai contra a tendência mundial de retirar notas de alto valor de circulação.

Na Europa e mesmo em países emergentes, populosos e pobres, como a Índia, o esforço é para reduzir o uso de papel-moeda e eliminar cédulas de maior valor. Isso ocorre se em decorrência do avanço de outros meios de pagamento, que dispensam o uso de dinheiro físico e para dificultar operações ilegais - tráfico de drogas, contrabando, corrupção etc. -, que costumam ser feitas em dinheiro vivo, como forma de escapar dos controles oficiais.

A cédula de 500 euros deixou de circular nos países que usam a moeda, em abril de 2019.

Na Índia, desde 2016, começaram a ser retiradas de circulação as cédulas de valor mais alto (de 500 rúpias e 1.000 rúpias), ao mesmo tempo em que programas de incentivo a operações de pagamentos por outros meios foram implementados.

O problema do Brasil é que 40% da população não tem conta em banco, o que significa uma barreira para a expansão dos cartões e dos pagamentos por meios digitais, normalmente associados a contas bancárias.

Entretanto, é discutível a decisão de criar essa nova cédula de R$ 200 para fazer frente à maior demanda por dinheiro vivo na pandemia. O que se pergunta é se vale a pena o surgimento inevitável de mal-entendidos, num país com histórico de hiperinflação, quando a nova moeda parece significar a explosão da economia.

Sem falar, que essa nova cédula facilita as operações ilegais. Diante do fato consumado, só resta aguardar as consequências da medida do BC.

 

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