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Análise: "A máfia e o Brasil"

Postado às 06h58 | 25 Set 2023

Ney Lopes

Toda a imprensa mundial registra a morte nesta madrugada, 25, do conhecido chefe da máfia siciliana, Matteo Messina Denaro, capturado em janeiro após três décadas de fuga.

Por que esse destaque na mídia?

A máfia é uma sociedade secreta com suas próprias regras e líderes, seus territórios e seu exército de assassinos.

 Não é como o crime comum.

A máfia antiga sobreviveu à margem da sociedade.

A máfia moderna sempre esteve ligada à sociedade e protegida pelo poder.

A máfia nasceu no século XIX na zona rural italiana e nas propriedades, que, década após década, tinham sido abandonadas pelos barões e nobres.

Wálter Fanganiello Maierovitch, desembargador aposentado e colunista, aprofundou-se no tema e coube-lhe a tarefa de colaborar com a justiça italiana para a extradição de um mafioso capturado no Brasil.

Em suas análises, Maierovitch estabelece também algumas comparações com a principal organização criminosa do Brasil, o PCC, e outras, que classifica como inseridas em um estágio “pré-máfia”.

Diz ele que “O PCC ainda não conseguiu a força transnacional, mas já cruzou fronteiras com o Paraguai e Bolívia”.

Maierovitch mostra muita preocupação com o Brasil, em razão do crescimento de grupos semelhantes a máfia no crime organizado.

Ele alerta que “não adianta só possuir a folha da coca. É preciso dispor de éter e acetona para produzir a cocaína".

Continua a sua opinião dizendo que “antigo candidato à” presidência da república afirmou que a primeira coisa que faria, se fosse eleito, era ir à Bolívia exigir que parassem de refinar a cocaína. Mas ele não percebia que era o Brasil que fornecia insumos para a Bolívia, que não tem indústria química. Não é culpa só da Bolívia, é do Brasil também, porque não controlamos os insumos”.

O grande risco dessas organizações criminosas ao longo dos tempos foi que se acham com força para enfrentar o estado.

São organizações que sempre conseguem se infiltrar na política partidária, na institucional e, de repente, enfrentam o estado.

No Brasil há indícios de representantes da existência da rica e poderosa da máfia italiana, a 'Ndranguetta, implantada na região da Calábria, com representantes em mais de 40 países, incluindo o  nosso país.

É considerada por especialistas como a máfia italiana mais poderosa, depois de ultrapassar a casa Nostra e a Camorra napolitana.

Frank Sinatra, ator e cantor norte-americano descendente de italianos e eterno ídolo de diversas gerações, possuía suas ligações com a Máfia Ítalo-Americana – Cosa Nostra.

Após sua morte, em 1998, sua filha, Tina Sinatra, fez revelações do envolvimento do pai com a máfia, incluindo esquemas de mútua ajuda na campanha presidencial de John Kennedy contra Nixon.

O Brasil aprovou em 2013 lei que define e tipifica a organização criminosa, com penas, métodos de investigação específicos e medidas cautelares próprias.

Os resultados foram pífios.

O país tem cerca de 30 mil membros do crime organizado e movimenta cerca de 400 milhões de reais ao ano.

Continua a ocupar altos postos em rankings de corrupção.

Análises jurídicas revelam, que de nada adianta aumentar anos de penas ou criar regimes severos sem a integração de dados policiais, sem a organização mínima dos cartórios onde correm os processos penais, sem a qualificação de servidores que possam levar a diante uma perícia ou uma análise contábil em tempo adequado.

Enquanto isso não acontece, milhares de pessoas são afetadas nas suas relações políticas, sociais e econômicas.

 

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