Postado às 06h22 | 31 Ago 2020
Ney Lopes
O título não se refere ao coronavírus. A referência é aos riscos que o continente europeu está correndo, em decorrência das crises políticas de tendências autoritárias, em países como a Rússia, Bielorrússia e Turquia.
O maior problema da Europa são os seus vizinhos. Putin dá demonstrações de desrespeito a acordos de paz e assume ações altamente ameaçadoras. A Geórgia e a Ucrânia sabem o preço que pagam por perseguições do Kremlin.
Os bálticos também (Estônia, a Letônia e a Lituânia).
A Bielorrússia cada dia agrava a sua crise política interna, sem que se saiba a posição de Moscou. Esse é um país do Leste Europeu, sem saída para o mar e nação conhecida pela sua tradição stalinista, de uso da força. Vive em estado de guerra permanente.
A capital da Bielorrússia, Minsk, está a 180 km de Vilnius, capital da Lituânia (a mesma distância Coimbra de Lisboa), e a 550km de Varsóvia (Lisboa - Madrid).
O ditador Lukashenko ordenou, que metade do Exército se preparasse para combate, em resposta ao que ele disse serem ameaças do Ocidente, que apenas pede eleições livres. O pleito recente foi notoriamente fraudado.
As mesmas posições acontecem com Erdogan, na Turquia. Os turcos aceitam os migrantes rejeitados pela Europa, mas depois lança-os contra a fronteira da Grécia, combate o Estado Islâmico, desestabiliza a região, ocupa partes da Síria, aproxima-se do Irã, alinha com uma das fações na Líbia e agora, mais grave para a Europa, a pretexto da exploração de gás, ameaça o Chipre e Grécia.
Os líderes da UE não podem usar força contra estes adversários, mas não podem ser transigentes. Não cabe a União Europeia fomentar revoluções e oposições. Mas é possível apoiar quem force mudanças.
É o que está sendo “tentado” agora, na Bielorrússia, pelo processo eleitoral corrupto e viciado, usado recentemente pelo ditador Lukashenko.
O que está em jogo é a democracia europeia. Se os países livres não ajudarem, o continente ficará sem aliados e com futuro ainda mais incerto.