Postado às 08h38 | 30 Jun 2023
Ney Lopes
Os últimos acontecimentos na Rússia desafiam os raciocínios sobre o exercício do poder.
Tudo começa com a indagação de como foi possível o líder russo Putin confiar tanto em Prigozhin, que chefia mercenários, exército privado pago para matar.
Prigozhin já passara mais de 10 anos na prisão, inclusive por crimes contra menores.
Do dia para noite, após sair da prisão, colocou um restaurante sofisticado em Moscou e atraiu Putin para “noitadas”.
Tornaram-se amigos.
Recebeu logo o privilégio de fornecer alimentos ao governo russo.
Ficou milionário.
Através do “grupo Wagner de sua propriedade” (milicianos) passou a auxiliar o exército russo, com o consentimento de Putin, e hoje aparece como um herói, um defensor da legalidade democrática russa, um cavaleiro anticorrupção, um combatente antiburocracia e um homem cansado da guerra inútil, quando é justamente uma personagem que ascendeu e enriqueceu à custa das guerras, da corrupção, da burocracia e acima de tudo do prestigio que desfruta junto ao Kremlin.
O perfil de Prigozhin é de um assassino sem escrúpulos e amante da crueldade e tortura, disposto a tudo para enriquecer e colar-se ao poder vigente de Putin.
Há quem admita que existe uma “combinação” secreta entre Putin e Prigozhin.
Putin estaria utilizando o amigo para ocupar a Bielorrússia, onde tem um aliado há anos no poder, mas que não inspira confiança.
Outra hipótese da “combinação” seria Putin encontrar motivos para demitir o chefe do exército russo, que tem prestígio, mas não se sai bem na Ucrania.
Tudo pode acontecer, pois a cada dia se torna mais evidente que Putin perde poder e quem sabe o próprio Prigozhin deseje sucede-lo.
Agora é esperar!