Postado às 05h41 | 23 Ago 2022
Ney Lopes
Ontem, 22, o presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro entrevistado do Jornal Nacional.
Hoje será Ciro Gomes.
A iniciativa da rede Globo contribui para o melhor conhecimento dos candidatos.
Sobretudo em momento de tantas inquietações, o debate, é sempre útil.
Justifica-se que na polarização existente no país, o desempenho do presidente na TV ocasione, de um lado, críticas e de outros aplausos.
Vejamos o fato sem emoções, ou partidarismo.
Bolsonaro aplicou o aforisma de JK, quando dizia: “costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro”.
Percebe-se que o presidente não insistiu nos erros cometidos anteriormente.
Certamente ouviu pessoas sensatas e teve comportamento de equilibrio emocional na entrevista.
Era unanimidade a crítica nacional de certas atitudes agressivas do presidente com a imprensa.
Sabe-se que a comunicação social comete equívocos, mas numa democracia é o único meio capaz de abrir as portas da sociedade e mostrar a realidade.
Um chefe de estado tem como dever entender isto.
Por temperamento e sobretudo pelo estilo radical de seus chamados apoiadores fanatizados, o presidente afastou-se da mídia.
Pagou caro por isto.
Ficou à margem da informação, por decisão própria.
A entrevista ao Jornal Nacional foi um avanço.
Por razões que não compete discutir, aceitou ser o primeiro entrevistado em cadeia nacional.
A partir daí criou-se a natural expectativa e “fake News” foram espalhadas nas redes sociais.
O resumo da ópera é que Bolsonaro conseguiu sair ileso do confronto na Globo, mesmo diante de perguntas irracivas e provocadoras dos entrevistadores..
Sabendo-se que há uma notória má vontade com o Presidente, somente o fato dos principais jornais do país esta manhã, 23, apontarem um empate de zero a zero, significa que o presidente fez bem o dever de casa.
Manteve-se calmo, elevou o tom quando conveniente, o que não é proibido.
Se ganhou votos ou não é outra questão.
Só o futuro dirá.
A presença de Bolsonaro na Globo foi, portanto, positiva.
No final, ele até ponderou o término do tempo da entrevista. Desejava ficar, além dos 40 minutos.
A dúvida é se ele manterá esse estilo na campanha, ou voltará a ter atitudes hostis com adversários e até com a própria democracia.
Alguns analistas consideraram negativa a resposta dada por Bolsonaro ao JN, ao admitir que aceitaria o resultado das eleições, desde que elas sejam limpas.
Em absoluto.
A ressalva é necessária.
A possibilidade de fraudes é a mesma possibilidade do surgimento de doenças orgânicas.
Não são planejadas.
Acontecem e por isso exigem os corretivos necessários.
Em conclusão, a ida do presidente à Globo é um bom começo para o processo eleitoral do país.
Esperamos que se consolide esse comportamento de paz social.
Todos terão a ganhar!