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Análise: "A economia decidirá eleição em 2022"

Postado às 06h34 | 13 Dez 2021

Ney Lopes

O diretor do Instituto de Pesquisa Datafolha Mauro Paulino fez declaração do maior significado para analisar o que poderá acontecer na eleição presidencial de 2022.

Ele disse que "quanto mais pobre, mais pragmático é o voto".

Esse eleitor votará no candidato que mostrar mais condições de resolver o problema da fome e da queda do padrão de vida da população.

Pela previsão, a economia terá o protagonismo que havia perdido nas eleições de 2018 para a corrupção.

As estatísticas mostram que metade dos brasileiros tem renda familiar mensal de até dois salários mínimos.

Isso significa que a grande maioria, que decide a eleição, está tentando sobreviver e precisa de dinheiro para comprar comida.

O Auxílio Família poderá ter impacto positivo no início.

Porém, se a inflação continuar a crescer e reduzir o poder aquisitivo desse auxílio, a maioria dos que recebem pode considerar que o dinheiro é insuficiente para se alimentar e o efeito político em favor do governo será anulado.

O Bolsa Família foi decisivo para reeleger Lula e eleger Dilma.

Porém, era um contexto econômico totalmente diferente do atual. O poder aquisitivo do salário mínimo crescia em situação de estabilidade econômica.

Hoje é o contrário.

Por outro lado, o Bolsa Família é vinculado diretamente a Lula, sobretudo entre os eleitores do norte e nordeste. 

Bolsonaro terá que quebrar essa associação e trazer os benefícios eleitorais do Auxílio Brasil para ele.

O diretor do Data Folha chamou atenção para um dado: 57% dos brasileiros dizem nunca confiar nas declarações de Bolsonaro, e isso sobe para 61% entre os mais pobres.

 Esse é justamente o público que receberá o Auxílio Brasil.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, mesmo que a economia brasileira ganhe algum avanço, a recuperação do padrão de vida dos brasileiros será lenta nos próximos anos.

O PIB per capita -- soma de riquezas produzidas pelo País dividida por seus habitantes -- poderá levar, ao menos, mais sete anos para recuperar o nível registrado em 2013.

Se a riqueza gerada não cresce, o quadro se complica ainda mais diante do aumento da desigualdade social.

O fato é desastroso do ponto de vista político para o governo, considerando que tudo se concentra nos segmentos dos mais desprotegidos.

Esses grandes grupos representam até metade dos eleitores.

O Auxílio Brasil do governo Jair Bolsonaro atingirá boa parte dos eleitores, que hoje não querem reeleger o presidente: os mais pobres, os nordestinos e os desempregados.

As pesquisas identificam que esses segmentos são os que pior avaliam o governo Bolsonaro, com quase o triplo de intenções de voto em seu maior adversário em 2022, o ex-presidente Lula.

A eleição presidencial de 2022 transformou-se em verdadeiro jogo de xadrez, em que ganhará aquele que conseguir saber as jogadas do adversário, antes disso acontecer.

Para isso terá que ler mentes.

Tarefa difícil!

PS. A análise baseada nas pesquisas não preocupa o chamado "bolsonarismo de raiz", os grupos radicais e fanáticos ligados ao presidente.

Para eles, todas as consultas são fraudadas e financiadas pela corrupção, sem exceções.

 

 

 

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