Postado às 06h17 | 11 Set 2020
Ney Lopes
Lançado ontem, 10, em Roma o livro do italiano Carlo Petrini, que reúne entrevistas com o Papa Francisco. Em uma delas está a declaração papal, que, se feita durante a Inquisição, poderia levá-lo até a morte na fogueira.
O pontífice afirmou: “O prazer sexual vem diretamente de Deus, não é católico, nem cristão, nem nada parecido, é simplesmente divino”.
Francisco continua: “O prazer de comer serve para manter uma boa saúde, da mesma forma que o prazer sexual serve para embelezar o amor e garantir a continuidade da espécie. O prazer de comer e o prazer sexual vêm de Deus”.
Desde que foi sagrado Chefe da Igreja, Francisco enfrenta áreas conservadoras. Chamam atenção as suas declarações sobre temas polêmicos. Ele disse, por exemplo, que divorciados não devem ser excluídos e admitiu que eles recebam a comunhão.
Embora a relação entre pessoas do mesmo sexo seja vetada, Francisco defendeu abordagem compreensiva em relação a fiéis da comunidade LGBT.
O Papa também já abordou, corajosamente, temas políticos, como críticas ao capitalismo, que em 2015 classificou como " ditadura sútil e ao aquecimento global ("um dos principais desafios para a humanidade").
Essas posições têm causado dentro do Vaticano, uma espécie de guerra com a ala conservadora.
O auge aconteceu em abril de 2019, quando grupo de acadêmicos católicos ultra tradicionalistas escreveu carta, acusando Francisco de heresia, um dos mais graves desvios no direito canônico da Igreja Católica. O documento tinha como objetivo a destituição do Papa, que não se consumou. Porém, escancarou a divisão interna na igreja.
As reações contrárias à Francisco lembram o século XII, quando se iniciou o chamado Santo Ofício (Inquisição) formado pelos tribunais da Igreja, que perseguiam, julgavam e puniam acusados de se desviarem de normas de conduta, consideradas imutáveis. As pesadas penas iam desde a morte na fogueira, até prisão perpétua e confisco de bens.
Que Deus proteja e abençoe o Papa Francisco, para que ele continue, com tolerância, coragem e lucidez, a defesa dos valores sagrados da vida e dignidade humana.