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Análise: "7 de setembro: paz nas ruas; “impasse” na política"

Postado às 17h42 | 07 Set 2021

Ney Lopes

O 7 de setembro de 2021, ao contrário de certas previsões, não causou tumultos, nem intranquilidade nas ruas do país.

Tudo em paz.

Entretanto, na política os discursos do presidente – em Brasília e SP - iniciam novo ciclo na grave crise política nacional, que é um seríssimo “impasse” de governabilidade, em razão do notório confronto do Executivo com os poderes Judiciário e Legislativo, além dos governadores e prefeitos.

Bolsonaro não mediu palavras, sobretudo em ataques diretos aos ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes

Senão vejamos:

"Só saio, preso, morto ou com vitória. Direi aos canalhas que eu nunca serei preso".

"Não vamos admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continuem a açoitar nossa democracia e açoitar nossa Constituição”.

“Vocês passaram momentos difíceis com a pandemia. Pior que o vírus foram ações de alguns governadores e prefeitos que ignoraram a Constituição, onde tolheram a liberdade de expressão, o direito de ir e vir, proibiram vocês de trabalhar e frequentar templos e igrejas para oração".

Não "vai aceitar" o resultado de um pleito "sem voto impresso e contagem pública de votos".

"Não participará de uma farsa patrocinada pelo presidente do TSE”

"Quero dizer que qualquer decisão do ministro Alexandre de Moraes este presidente não cumprirá"

“Só deixo o cargo se for a vontade de Deus

“Há três opções para o meu futuro político. Disse que pode ser preso, morto ou sair com a vitória''. Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso."

Muito duras as palavras do presidente.

Fechou as portas para qualquer tipo de diálogo e a tendência será o distanciamento entre os poderes constitucionais.

Ele citou uma possível reunião do Conselho da República em Brasília, o que já foi desmentido.

Compete a esse Conselho pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; e questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas

Embora tenha sido criado em 1988, ele só se reuniu uma vez, 30 anos depois. Isso ocorreu durante o governo de Michel Temer para discutir a intervenção federal no Rio, ocorrida em 2018.

Pelo que declarou, o presidente não aceita a possibilidade de perder a eleição de 2022.

Ao excluir a sua prisão, declarou que se não morrer será o vitorioso.

Também não aceita a mediação da justiça eleitoral, pois o presidente do TSE em 2022 será o ministro Alexandre de Moraes, a quem qualificou como “canalha”.

Por outro lado, afirmou que não aceitará o resultado da eleição sem voto impresso, quando essa matéria já está praticamente decidida no Legislativo.

Afinal, o que aceitará Bolsonaro? 

Impor os seus pontos de vista torna-se impossível numa democracia.

Por tudo isso, “impasse” é a palavra certa para definir o atual momento político nacional. .

O presidente Bolsonaro com os seus pronunciamentos de hoje “colocou uma camisa de força” no judiciário e de certa forma no legislativo”.

|Além de criar dúvidas sobre o futuro estável da democracia brasileira.

As repercussões negativas do risco de instabilidade política no Brasil já chegaram ao exterior, trazendo prejuízos à economia.

Embora o 7 de setembro de 2021 tenha sido pacífico nos vários estados, a “boca” do presidente, sem medir as palavras, trouxe apreensões e gera inquietações políticas futuras.

Como reagirão os demais poderes?

Para onde caminhamos?

Só Deus sabe!

 

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