Postado às 07h06 | 22 Jan 2023
Ney Lopes
Há 25 anos os Estados Unidos passaram tensa crise política.
O “caso” do presidente democrata Clinton com a estagiária Monica Lewinsky podia ter mudado o país.
A Câmara dos Representantes, de maioria republicana, decidiu votar pelo ‘impeachment’ de Clinton por duas acusações: mentir perante um grande júri e obstruir a justiça.
Tratou-se do segundo processo de ‘impeachment’ de um presidente na história dos Estados Unidos, depois do de Andrew Johnson (1865-1869).
A polémica mudou a vida de Monica Lewinsky, a jovem de 22 anos com quem o ex-chefe de Estado teve um relacionamento e que se tornou o centro das atenções da justiça.
Monica se tornou uma ativista contra o assédio e escreve numa coluna da revista Vanity Fair sobre as alterações na sociedade norte-americana desde que o seu nome ficou conhecido.
O movimento levou a sociedade norte-americana a lançar um olhar revisionista sobre o escândalo, desta vez com foco no ex-Presidente, que ocupava um cargo de poder sobre a sua estagiária.
Lewinsky lamenta hoje o poder das redes sociais, lembrando que elas têm um efeito “mais devastador” na vida ou na reputação de pessoas que estão sob os olhos do público e estão envolvidas em escândalos.
A ativista recorda em seus escritos episódios do seu sofrimento, quando foi condenada pela opinião pública americana.
Ela aconselha, sobretudo os jovens, a “escolherem seus amigos com cuidado” e relembra a “traição” cometida por sua melhor amiga Linda Tripp, que entregou ao procurador independente Kenneth Starr algumas gravações, nas quais Lewinsky falava do seu relacionamento com Clinton.
O caso tomou grandes proporções políticas, que obrigou Clinton, acompanhado pela mulher, Hilary Clinton, fazer um discurso, no qual negou ter tido as “relações sexuais” objeto da acusação.
A Câmara dos Representantes, de maioria republicana, decidiu votar pelo ‘impeachment’ de Clinton por duas acusações: mentir perante um grande júri e obstruir a justiça.
O Senado votou contra o ‘impeachment’ de Clinton.
O episódio repercutiu no mundo e fez com que surgisse movimento melhor coordenado contra o assédio sexual, que cresce dia a dia.
O conceito atual de assédio envolve a conduta de natureza sexual, manifestada fisicamente, por palavras, gestos ou outros meios, propostas ou impostas a pessoas contra sua vontade, causando-lhe constrangimento e violando a sua liberdade sexual.
O assédio sexual fere a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais da vítima, tais como a liberdade, a intimidade, a vida privada, a honra, a igualdade de tratamento, o valor social do trabalho e o direito ao meio ambiente de trabalho sadio e seguro.
Em resumo: de cunho opressivo e discriminatório o assédio constitui violação aos Direitos Humanos.