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Análise: "2022: a incrível eleição do “pode tudo”"

Postado às 05h42 | 16 Ago 2022

 

Ney Lopes

Já nas ruas a eleição de 2022.

Pela experiência política que tenho, de vários mandatos e funções públicas, nunca vi o que acontece agora.

Fui deputado federal por seis mandatos.

Inexistia Fundo Eleitoral.

Lutava por valores ínfimos no Orçamento, para ajudar legitimamente prefeituras e instituições.

Para liberar as verbas era uma verdadeira via crucis, sujeito a “golpes baixos” dos próprios colegas, como aconteceu com verbas que destinei à Apodi e Jardim do Seridó, usurpadas por outros parlamentares do estado, em decorrência do ”jogo sujo” utilizado.

Resultado: perdi apoios eleitorais nesses municípios.

Hoje, cada deputado e senador tem 60 milhões de reais para destinar a quem queira, mais o “orçamento secreto”, com a certeza antecipada, de que o crédito é feito automaticamente na conta da prefeitura.

Esse dinheiro é distribuído pelos ministros, sem nenhum critério de transparência.

A liberção dos recursos é defindia em função de "acertos" para apoio político-eleitoral.

Somam-se, ainda, os bilhões do Fundo Eleitoral.

Somente com propostas, ideias e espírito público é absolutamente impossível disputar uma eleição.

O maior exemplo da "farra eleitoral" é a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), subordinada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, que curiosamente atua nos 167 municípios do RN.

Foram “distribuídos” quase R$ 600 milhões, desde 2021.

O RN assistiu ultimamente passeatas em municípios com a presença de pré-candidatos e desfiles de caminhões basculantes, caminhões de lixo, tratores, implementos agrícolas, moto niveladoras e retroescavadeiras, tudo doado com dinheiro público, notoriamente a serviço de campanha eleitoral.

Merecimento - Ninguém se opõe, nega, ou protesta, contra a ajuda dada aos prefeitos e municípios, que são necessitados.

O incorreto é a forma ostensiva de cooptação eleitoral, que desequilibra a disputa e destrói a democracia.

A ajuda do governo às comunidades carentes teria que obedecer o caput do artigo 37 da Constituição, com aplicação dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, por serem regras obrigatórias para a administração pública, no desempenho de suas funções. 

Pela notória desobediencia a tais normas, a eleição de 2022 se prenuncia como a eleição do “pode tudo”.

Somente dará errado, se o “eleitor” acordar e rejeitar aqueles que se apresentem como Papai Noel de verbas públicas, usando a distribuição de favores e benesses para conquistar votos.

Caso o eleitor não desperte, não poderá protestar ou reclamar no futuro, quando legisladores eleitos demonstrem insensibilidade humana e social, na hora de fazer as leis. 

Olho aberto

Parasitas– A União gasta com os funcionários federais “civis” o menor valor desde 2008.

O ministro Paulo Guedes, que chamou os servidores de “parasitas”, fez estrepitosa exposição para investidores, mostrando que o “sufoco” do funcionalismo civil, sem aumento há 10 anos, (salvo “privilegiados”), é a prova da eficiência do governo.

Enquanto isto – O Brasil teria reduzido em 20.7% a dívida pública (fechou em 2021 em 80.3% do PIB), caso o governo não tivesse instituído 22 novas desonerações (incentivos, isenções e imunidade), sem medida de compensação.

A conta foi elevada para R$ 442 bilhões, quase 4,7% do PIB. Esse tipo de política é alimentando pelo lobby bem-sucedido de empresários, em busca de benesses a seu respectivo setor, sem prestação de contas.

Nada contra – O incentivo à empresa é legítimo, desde que inserido numa política econômica, que não puna a classe média, os assalariados e a pobreza.

Ao contrário do restante das economias capitalistas, o Brasil não cobra Imposto sobre distribuição de lucros e dividendos.

Injustiça - Veja-se: o Banco Itaú distribuiu 7,679 bi de lucros só no 2º trimestre e o Bradesco R$ 7,041 bi. Sobre esses valores não foi arrecadado um centavo de imposto.

Quando se trata de beneficiar servidor federal civil, ou categorias de baixa renda, o argumento de sempre é que não há recursos.

Será? Protestar contra essa dura realidade é comunismo?

Ou, clamar por democracia social?

Lula- O PROS retira a candidatura de Pablo Marçal e apoiará Lula, que tem 10 partidos ao seu lado.

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