Postado às 05h30 | 23 Nov 2020
Ney Lopes
Donald Trump ainda não está preparado para assumir a derrota, fazendo justiça àquilo que foi anunciando, durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos da América. Não dá o menor sinal de que sairá da Casa Branca.
Mas, o que acontecerá se houver essa recusa?
A Constituição norte-americana é clara neste ponto: o mandato presidencial corrente termina ao meio-dia de 20 de janeiro. Nos 244 anos de História do país, não há registro de um presidente que se tenha recusado a deixar a Sala Oval depois de perder uma eleição. Donald Trump será incluído nos manuais escolares como o primeiro a desafiar a decisão democrática da população – confirmada pelos 270 votos no Colégio Eleitoral conquistados por Joe Biden.
Caso isso ocorra, a hipótese mais provável seria a intervenção do exército: os militares chamados a expulsar Donald Trump. É necessário, porém, avaliar a lealdade das forças de segurança – incluindo os Serviços Secretos – ao atual presidente e ao presidente eleito.
Esse fato prejudicaria muito o país e as perspectivas globais da democracia. Trump foi claro ao longo da campanha atual ao advertir que não aceitaria a derrota.
Biden entrevistado sobre essa hipótese de Trump manter-se na Casa Branca disse: "Sim, já pensei sobre isso. Estou convencido de que, em tal situação, os militares estariam encarregados de impedi-lo de permanecer no cargo e simplesmente o expulsariam da Casa Branca”.
Há a possibilidade do Serviço Secreto cumprir a tarefa de escoltar Trump para fora da residência presidencial. Cenário deplorável para um país de tradição democrática como os EEUU.
O simples fato de indagar-se se as Forças Armadas vão intervir para afastar um Presidente derrotado revela o estado patético em que se encontra o mundo.
Numa época de pandemia, quando as forças políticas devem unir-se no trabalho de reconstrução, só resta lembrar a música patriótica americana “God Bless América” (Deus Salve a América).