Ainda não é possível saber se haverá vacina eficiente contra Covid-19, diz OMS

Ainda não é possível saber se haverá vacina eficiente contra Covid-19, diz OMS

Líder de equipe para Implementação de Pesquisas da OMS (Organização Mundial de Saúde), Ana Maria Henao Restrepo afirmou nesta quinta-feira (2) que ainda não é possível saber se haverá vacina eficiente para a Covid-19.

Segundo ela, porém, várias candidatas têm avançado nas etapas previstas nessa busca. "Nos sentimos encorajados com o progresso das vacinas, mas aguardamos mais resultados", afirmou durante entrevista coletiva da entidade.

A autoridade da OMS informou que há 17 vacinas para Covid-19 em alguma etapa das três fases de testes clínicos neste momento, com expectativa de que nas próximas semanas esse número aumente.

Restrepo comentou que uma das candidatas, da Universidade Oxford está avançando agora para a fase 3 de testes, enquanto outras cinco delas estão na fase 2.

Ela também falou sobre os medicamentos em teste para combater a Covid-19. Ela lembrou que a hidroxicloroquina foi testada no estudo comandado pela OMS, mas "infelizmente, não teve os resultados positivos que gostaríamos" contra a doença.

A cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan, também disse que o uso do medicamento remdesivir pode não ser eficaz no tratamento de pacientes com o novo coronavírus e que há pesquisas conflitantes em relação ao antiviral.

"Não sabemos se é eficaz, mas o plano é continuar com as pesquisas, precisamos responder a questões, como as taxas de mortalidade e de alta médica. Em algumas semanas, devemos ter mais resultados de estudos sobre taxas de mortalidade e altas médicas", disse.

Remdesivir

Na última segunda-feira, 29, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês) anunciou que os Estados Unidos compraram quase todo o estoque mundial de remdesivir. De acordo com o HHS, a administração de Donald Trump fechou um "acordo incrível" com o laboratório Gilead, por 500 mil ciclos do medicamento nos próximos 3 meses. A compra dos EUA é equivalente a 100% da produção projetada pelo laboratório para julho e 90% do total a ser produzido em agosto e setembro.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou no fim de junho o estudo com remdesivir com 105 pacientes hospitalizados com pneumonia grave causada pelo novo coronavírus. A autorização foi solicitada pela empresa PPD Pesquisa Clínica.

No fim de maio, relatório preliminar publicado no New England Journal mostrou que o tempo de recuperação em pacientes hospitalizados por coronavírus foi menor para aqueles que tomaram o remdesivir em comparação com os pacientes que receberam placebo. A taxa de mortalidade também foi menor nos pacientes que receberam o antiviral.

Quem recebeu o remdesivir se recuperou, em média, após 11 dias, contra os 15 dias daqueles que tomaram placebo.

Ao todo, participaram 1.063 pacientes, mas alguns desistiram no meio do estudo e outros morreram antes de concluir o período de avaliação. A taxa de mortalidade, analisada dentro do período de 14 dias, foi de 7,1% no grupo que recebeu o remdesivir, enquanto o grupo que recebeu placebo apresentou a taxa de 11,9%.

Swaminathan, porém, alertou que há outros estudos que mostram que o medicamente antiviral pode não ser eficaz no tratamento da Covid-19.