Postado às 04h31 | 21 Out 2020
Pùblico-jornal português
O antigo Presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, renunciou esta terça-feira ao cargo de senador na Assembleia Geral e anunciou a retirada da vida política activa. O ex-guerrilheiro e dirigente histórico da esquerda latino-americana revelou que a decisão foi tomada por motivos de saúde.
Portador de uma doença auto-imune e com 85 anos de idade, Mujica encontrava-se numa situação particularmente vulnerável, devido ao elevado risco de contágio do coronavírus.
“Esta situação obriga-me, com muito pesar – devido à minha profunda vocação política –, a pedir que se faça tramitar a minha renúncia ao lugar que os cidadãos me conferiram”, explicou o chefe de Estado do Uruguai entre 2010 e 2015, através de uma carta, lida esta terça-feira numa sessão extraordinária do Senado.
“Isto não significa o abandono da política, mas sim o abandono da primeira fila. A pandemia derrubou-me”, assumiu Mujica, citado pela AFP. “Adoro a política e não me queria ir embora. Mas adoro mais a minha vida”.
Conhecido por ter renunciado aos privilégios inerentes ao cargo de Presidente – incluindo parte do salário –, por defender estilos de vida simples e desagrilhoados de bens materiais e pela forma desassombrada e pedagógica como falava e reflectia sobre o poder político, a pobreza ou a globalização, o agricultor-Presidente “Pepe” Mujica é uma das vozes mais respeitadas da tradição política de esquerda da América Latina.
Foi durante o seu mandato que o Uruguai aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, descriminalizou o aborto e legalizou a produção e consumo de marijuana.
Para além de Mujica, outro antigo Presidente do Uruguai renunciou ao Senado. Esta terça-feira, Julio María Sanguinetti – governou entre 1985 e 1990 e entre 1995 e 2000 –, também anunciou a sua retirada da vida política activa.