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"2022: Bolsonaro, Lula e ?????" - Ney Lopes hoje, na "Tribuna do Norte"

Postado às 05h46 | 17 Mar 2021

O retorno prematuro de Lula ao debate sucessório e sua candidatura em 2022 dependem do julgamento do plenário do STF, que envolverá o dilema: ou, favorece Lula, anulando as sentenças de Curitiba; ou, salva Moro da suspeição, estimulando-o a candidatar-se à presidente em 2022.

A saída poderá ser o STF julgar primeiro o recurso da PGR, manter a decisão de Fachin, hipótese em que o pedido de adiamento do ministro Kassio Nunes Marques perderá eficácia e ele não votará na 2ª Turma da Corte.

A verdade é que o despacho de Fachin foi verdadeira “escolha de Sofia”. Não significou vitória para Lula, mas sim a salvação da Operação Lava Jato.

Se Moro for julgado parcial, todas as provas serão anuladas. Isso quer dizer que, não apenas o ex-presidente se beneficiaria, mas haverá o sério risco de interpretação jurídica, abrindo larga avenida, pela qual entrarão todos os demais condenados. Em tais circunstancias, a União devolveria milhões de reais, o que seria catástrofe nacional. 

Lula em seu último discurso afirmou, que Fachin o absolveu. Não é verdade. O despacho declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba, em casos da Operação Lava Jato, unicamente contra o ex-presidente, enviando-os à Justiça Federal do DF, para novos julgamentos, que permitirão a manutenção da inelegibilidade. Fachin manteve a integralidade da instrução criminal, o que poderá dar mais rapidez às decisões futuras, caso aceitas as provas, além de não beneficiar dezenas de réus na Lava Jato.

Bom lembrar, que o ex-presidente ainda responde mais de oito processos criminais, em tramitação. Poderá ter novos julgamentos (absolvição ou condenação) a qualquer momento.

Na entrevista, Lula aproveitou a insatisfação popular dos aumentos de petróleo, para polarizar com o governo federal.

Ele esqueceu de dizer que no governo do PT, a estatal acumulou R$ 96 bilhões em baixas contábeis. No ano de 2016, a PF calculou prejuízos de atos corrupção na empresa, em cerca de 50 bilhões de reais.

Ao condenar as privatizações, Lula esqueceu que ele próprio autorizou leilões de empresas públicas. Os Bancos do Maranhão e do Ceará tinham sido federalizados e foram vendidos em 2004 e 2005. Os governos do PT estimularam o capitalismo sem risco, onde o único “perigo” é ganhar pouco.

Todas as grandes obras do PAC foram através das PPP's, inclusive a construção dos fabulosos estádios da Copa.

Não é verdade que o Brasil começou agora a importar gasolina e diesel dos Estados Unidos. Desde o governo Lula e Dilma, o mercado de refino e derivados de petróleo é aberto ao capital estrangeiro

Não se pode negar que o bolsonarismo sentiu o espectro de Lula. As reações alternaram-se entre “aparente” tranquilidade na reeleição e declarações inquietantes do presidente, como prever greves, saques, revoltas populares no país.

Deu a entender, preparação para possível decretação de estado sítio, o que é alarmante, pela tensão criada e o agravamento causado ao combate a pandemia.

A recente pesquisa da XP-IPESPE concluiu, que “a eleição de 2022 será um plebiscito do presidente Bolsonaro”, constatando 81% dos entrevistados a favor de mudança total, ou parcial, da forma do governo e apenas 15% favorável a continuidade da atual administração.

Na disputa do segundo turno, o único candidato que ganharia Bolsonaro (31%) seria o ex-ministro Moro (34%). É o caso de perguntar: entre Lula e Moro qual o mais perigoso para a reeleição presidencial?

Já Lula, os números mostram 73% contrários à sua absolvição. Será muito difícil o ex-presidente esconder o seu passado político. Afinal, “quem tem telhado de vidro, não atira pedras ao do vizinho”.

Essa conjuntura de incertezas estimula disputa de rejeições, o que poderá ser fenômeno passageiro, embora o deserto de nomes dificulte o surgimento de candidato viável. O exemplo de 2018 não é animador. Alckmin, Meirelles e Amoedo somaram menos de 10% dos votos. Nada é impossível.

No início de 2017, Bolsonaro não existia como candidato. Em 1993, ninguém apostava em FHC, após ter sido derrotado para prefeito de São Paulo.

Quem sabe, falte o discurso da “união nacional”. Fala-se no senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do senado.

A dificuldade será ele encontrar espaço para despontar, num partido de tantos “egos inflados” como o DEM. 

Ciro conversa com o centro. Huck, Dória, Moro, e Mandetta, incógnitas.

Enquanto isto, Lula não começa bem. Bolsonaro enfrenta inferno astral da pandemia.

Talvez, o país precise de novo Diógenes de Sínope, que andava em meio às pessoas com uma lanterna acessa, na busca de quem lhe inspirasse confiança.

Tudo poderá acontecer em 2022, inclusive nada.

 

 

 

 

 

 

 

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