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Trump dá a largada nesta terça feira à reeleição favorecido por precedentes históricos

Postado às 05h34 | 18 Jun 2019

Carlos Gustavo Poggio é professor dos cursos de Relações Internacionais da FAAP e da PUC-SP e coordenador do NEPEU – Núcleo de Estudos sobre a Política Externa dos Estados Unidos. 

A corrida presidencial nosEstados Unidos começa definitivamente a partir desta terça-feira com o lançamento da campanha à reeleição de Donald Trump , na Flórida. Na próxima semana, os candidatos do Partido Democrata farão seu primeiro debate, que será dividido em duas noites dado o enorme número de aspirantes a enfrentar o atual presidente americano em 2020. O eventual selecionado não terá uma tarefa fácil pela frente.

Trump tem uma enorme vantagem sobre seus concorrentes: é o atual presidente. Nas últimas oito décadas, apenas uma vez um partido permaneceu na Casa Branca por menos de oito anos seguidos. Foi quando o democrata Jimmy Carter perdeu sua reeleição para o carismático Ronald Reagan, num contexto de crise doméstica e internacional. Além de Carter, apenas dois presidentes não conseguiram se reeleger nas últimas oito décadas, mas, tanto no caso de Gerald Ford (1976) como no de Bush pai (1992), os republicanos já ocupavam a Casa Branca havia pelo menos oito anos. Portanto, do ponto de vista histórico, as chances de reeleição são grandes.

Ao contrário de Carter, sob Trump a economia apresenta índices robustos de crescimento, com desemprego historicamente baixo e, até o momento, sem uma crise internacional de relevo. Dadas essas condições, a maior parte dos modelos estatísticos tende a prever uma vitória de Trump em 2020, a despeito dos números de popularidade pouco invejáveis do presidente.

Uma pesquisa recente mostrou Trump perdendo para todos os principais pré-candidatos democratas. A maior vantagem foi de Joe Biden, que aparecia à frente do republicano por 53% a 40%. Entretanto, é sabido que pesquisas eleitorais a esta altura da campanha dizem muito pouco sobre o resultado final. Basta lembrar que, em maio de 2015, Hillary Clinton batia Trump por 50% a 32%.

Além disso, é importante lembrar casos como os de Reagan e Barack Obama, que exibiam números de aprovação similares aos de Trump um ano e meio antes de serem reeleitos. O que joga contra Trump é que, diferentemente de Reagan e Obama, ele nunca obteve mais de 50% de aprovação desde que assumiu a Presidência, mantendo-se com uma inédita constância na faixa de 40% a 45%. Trump é o único presidente da História a jamais ter superado a barreira dos 50% de aprovação nacional desde que George Gallup começou a medir a popularidade presidencial, nos anos 1930. De Franklin Roosevelt a Obama, todos os presidentes americanos experimentaram em algum momento de seus mandatos taxas de aprovação acima dos 60%.

Trump sabe que pode perfeitamente ser reeleito com menos de 50% dos votos. Afinal, ele venceu as eleições de 2016 obtendo apenas 46% dos votos nacionais contra 48% de Hillary Clinton, pois ganhou em estados-chave, ainda que por margens bastante estreitas. Considerando que os democratas venceram no voto popular em todas as eleições desde 1992, com exceção da reeleição de Bush filho em 2004, as chances de isso se repetir em 2020 são altas. O que ainda não está claro é quem estará na Casa Branca a partir de 2021. A campanha começa agora

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