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Trabalhar quatro dias por semana? É possível. Na Nova Zelândia é um sucesso

Postado às 07h12 | 19 Jul 2018

E se na sua empresa lhe dissessem que a semana de trabalho passaria a ser de quatro dias?

Foi exatamente o que aconteceu aos funcionários da Perpetual Guardian, que puderam tirar um dia de folga por semana, mantendo o mesmo salário e sem horas extra.

Uma experiência realizada durante oito semanas que se revelou ser um sucesso.

"Os resultados foram excitantes. A produtividade subiu, os níveis de stress desceram", afirmou o diretor da empresa

A empresa que administra patrimónios, investimentos e faz aplicações gerou o mesmo com menos um dia de trabalho, logo a produtividade cresceu, os níveis de motivação também aumentaram e houve um maior equilíbrio entre a vida profissional e familiar.

Mais, os funcionários ficaram mais focados no trabalho, defende o diretor.

"Os resultados foram excitantes. A produtividade subiu, os níveis de stress desceram", afirmou Andrew Barnes, fundador e diretor da Perpetual Guardian, e o responsável pela ideia de implementar a semana de quatro dias de trabalho.

Em entrevista à Radio Live, da Nova Zelândia, Barnes revelou ainda que a ligação entre os funcionários e a empresa aumentou.

"As pessoas ficaram mais confortáveis com a organização da empresa", afirmou.

"Isto é um presente, não é um direito. Se me dão a produtividade que eu quero eu dou um dia de folga. É respeito mútuo"

Mas se, por um lado, há mais um dia de folga existe também uma maior exigência aos trabalhadores para que os níveis de produtividade se mantenham.

"Nós não reduzimos o número de horas de trabalho contratualizadas, mas o que dissemos foi: 'se não mantêm a produtividade retiramos o presente'", explicou.

Mantiveram a produtividade com menos um dia de trabalho e os "níveis de stress diminuíram de forma significativa"

Os 240 trabalhadores da empresa, afirmou Andrew Barnes, tiveram de se adaptar à ideia de ter mais um dia de folga.

Aprenderam a "ajustarem-se" a esta nova realidade, que começou a ser testada em março.

Mas apesar de saberem que tinham de manter a produtividade, com menos um dia de trabalho, "os níveis de stress diminuíram de forma significativa".

"Isto é um presente, não é um direito. Se me dão a produtividade que eu quero eu dou um dia de folga. É respeito mútuo", afirmou Barnes, que aconselha todas as empresas da Nova Zelândia a experimentarem este modelo de trabalho.

"Os funcionários projetaram uma série de inovações e iniciativas para trabalhar de uma forma mais eficiente e produtiva, desde automatizar processos manuais ou eliminar o uso da internet não relacionado com o trabalho"

Académicos da Universidade de Auckland analisaram as oito semanas desta experiência, com recurso a várias entrevistas, e concluíram que a semana de quatro dias de trabalho não teve efeitos negativos na produtividade da empresa.

Bem pelo contrário.

Antes da experiência, apenas 54% dos funcionários afirmaram que conseguiam equilibrar os compromissos profissionais com a vida familiar. Após o teste, este número subiu para 78%

"Os funcionários projetaram uma série de inovações e iniciativas para trabalhar de uma forma mais eficiente e produtiva, desde automatizar processos manuais ou eliminar o uso da internet não relacionado com o trabalho", explicou Helen Delaney, professora da Escola de Negócios da Universidade de Auckland​​​​​, citada pelo The Guardian .

Antes da experiência, em novembro, apenas 54% dos funcionários afirmaram que conseguiam equilibrar os compromissos profissionais com a vida familiar. Após o teste, este número subiu para 78%.

O estudo efetuado pelos especialistas refere com a semana de quatro dias, o nível de stress diminuiu 7% ao mesmo tempo que a motivação, o compromisso e nível de empoderamento no trabalho aumentou, com a satisfação de vida a subir em 5%.

O diretor da Perpetual Guardian quer que a semana de quatro dias se torne permanente na empresa e vai, por isso, enviar à administração recomendações nesse sentido.

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