Postado às 09h12 | 09 Jul 2018
O país assistiu atônito a disputa judicial de soltar ou manter preso o ex-presidente Lula.
O fato sacudiu o cenário político brasileiro.
Quais as consequências político-eleitorais dessa guerra jurídica?
O PT ganha ou perde votos?
E a oposição como fica?
A três meses das eleições a militância petista reacende as esperanças.
Ao mesmo tempo é reforçado o discurso anti-Lula, que tende a beneficiar nomes como o do deputado federal Jair Bolsonaro, ligado à extrema-direita.
Entre apoiadores do líder petista predomina a tese de que esse “vai e vem” fortalece o argumento de que o ex-chefe de Estado é vítima de perseguição e alvo de medidas autoritárias.
Desde julho de 2017, a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, é a aposta do partido para garantir apoio eleitoral em outubro.
O gesto da presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann, conclamando os militantes a irem às ruas para demonstrar sua indignação reforça a mobilização e dar visibilidade ao ex-presidente.
Os aliados entendem, que mesmo sem ser candidato ao Planalto, a participação de Lula na campanha desequilibra o jogo eleitoral.
Assim que Lula for registrado, caberá à Justiça analisar o caso.
Como a Lei da Ficha Limpa impede que condenados por colegiado em segunda instância disputem cargos eletivos, a tendência é de que Lula seja declarado inelegível.
Nos bastidores, o PT sabe disso e já trabalha com a possibilidade de colocar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ou o ex-governador da Bahia Jaques Wagner no seu lugar.
Se Lula estiver solto, a capacidade de transferência de votos tende a se multiplicar.
Se não estiver, a aposta é de que sua influência cresça devido aos últimos acontecimentos, que acentuaram a sua condição de vítima do arbítrio.
Esse é o principal temor entre os adversários de Lula.
O “vai e vem” de ontem, 8, pode terminar fortalecendo o PT e aliados.
Do outro lado da disputa pela presidência, a reviravolta jurídica promete acirrar ânimos.
Simpatizantes de Jair Bolsonaro usaram o WhatsApp, ontem, para espalhar o número do celular do desembargador Rogério Favreto – que concedeu o habeas corpus a Lula –, para pedir que os críticos da decisão manifestassem repúdio.
Eles também defenderam o voto em Bolsonaro para derrotar o "fantasma" do PT.
Em vídeo, o militar da reserva condenou a decisão de Favreto, afirmando que "pior do que a corrupção no Brasil é a questão ideológica".
A conclusão é de que ainda seja cedo para analisar os efeitos políticos eleitorais dos últimos fatos ligados a prisão do ex-presidente.
Todavia, a hipótese mais provável é que o PT acentue perante a opinião pública a tese da vitimização de Lula, alegando que a justiça lhe nega liberdade provisória, enquanto concede a José Dirceu, Eike Batista, Joesley da JBS e outros.
A verdade é que o debate eleitoral começou definitivamente.
De agora por diante, a nação assistirá certamente uma das campanhas políticas mais acirradas da sua história.