Postado às 06h42 | 10 Jul 2018
Ake, o treinador de 24 anos
Rodrigo Lopes
O treinador assistente Ekaphol Chanthawong, 25 anos, pode ser responsabilizado por ter levado as crianças até a caverna na Tailândia?
A pergunta tem sido formulada por alguns.
No fim de semana, agências de notícias tailandesas informaram que as autoridades não descartam processá-lo criminalmente por ter conduzido o time dos Javalis Selvagens para o local, mesmo diante do aviso na entrada da caverna a evitá-la em caso de risco de chuva.
Ake, como é conhecido, havia sido incumbido pelo treinador-chefe a cuidar, naquele dia, do grupo.
Como responsável pelos menores, aceitou ingressar na caverna.
O resto, sabemos: uma situação dramática que amalgamou o planeta na torcida por um só time, o dos pequenos Javalis, em plena Copa do Mundo.
No resgate, morreu um mergulhador em um pesadelo que, se tudo der certo, terminará hoje ou amanhã.
O porta-voz do governo tailandês, Werachon Sukondhapatipak, disse ao jornal britânico The Guardian que “ninguém está falando em processar Ake”
Segundo ele, a presença do técnico foi um conforto aos garotos.
– O treinador está aconselhando-os a se deitar, tentar meditar, e, claro, a não mexer muito o corpo e não desperdiçar energia – disse.
Antes de julgar, lembre-se que estamos falando de outra cultura, de um país budista – ou seja, é necessário deixar de lado nosso mindset ocidental.
Para muitos lá, Ake é uma força divina enviada para proteger os meninos naquela situação.
Estava no lugar certo na hora certa. Uma imagem na internet mostra o rapaz sentado em posição de lótus com 12 javalis no colo, representando as crianças.
Ake ficou órfão aos 10 anos. Estudou para ser monge, mas deixou o mosteiro para cuidar da avó doente.
Em carta de dentro da caverna, ele pediu desculpas aos pais das crianças: “Prometo cuidar ao máximo desses meninos. Quero pedir desculpas”.
A resposta: “Queremos que saiba que nenhum familiar está bravo com você, não se preocupe com isso”.
Os pais dos Javalis e boa parte da Tailândia já perdoaram Ake. E você?