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Opinião do blog: "Hidroxicloroquina e genocídio"

Postado às 07h04 | 21 Mai 2020

Ney Lopes

Não há como negar perplexidade acerca do uso da hidroxicloroquina contra o novo coronavírus, quando os estudos científicos não aprovam o medicamento. O presidente joga todas as suas fichas políticas nessa estratégia. Há argumento técnico-cientifico, que atesta o grande risco da ordem de liberação, dada pelo “General Ministro”, para satisfazer o seu “chefe maior”.

O professor Gonzalo Vecina, sanitarista reconhecido mundialmente, esclareceu que uma das maneiras de acabar com a epidemia seria a chamada “imunidade de rebanho”, que é justamente o que proclama Bolsonaro. Tal alternativa significa flexibilizar o isolamento social e conseguir que, ao menos cerca de 70% da população, tenha a doença.

O raciocínio do presidente é que a hidroxicloroquina deve ser usada, por estarmos em tempo de guerra e toda tentativa de cura ser válida. Tal ponto de vista seria até razoável, se não existisse o risco de morte em massa. O próprio MS admitiu, que o uso da hidroxicloroquina deve ser recomendado por médico, com necessidade de hospitalização, pelas contraindicações.

Admita-se que 70% da população sendo infectada, representaria 147 milhões de pessoas, o que representaria 15% internados em hospitais e 5% em UTIs. No total, seriam quase 30 milhões de pessoas. O SUS, em situações normais interna cerca de 20 milhões/ano. Com o impacto do vírus, aumentaria “mais de uma vez e meia” as internações.

Tal fato tornaria ABSOLUTAMENTE impossível atendimento da população, no sistema de saúde e também na rede particular. Consideradas as mortes por outras causas (taxas de letalidade em torno de 0.36%), seria alcançada a cifra de quase 600 mil mortes no país, no ano.

O Dr. Vecina justifica que a única maneira de enfrentar a pandemia é o isolamento social, sem prejuízo de “flexibilização”, local a local do país e por etapas, para aliviar os danos econômicos. Priorizar a “economia”, com isolamento apenas dos grupos de riscos, como querem o presidente, o “czar” Guedes e parte do empresariado, será condenar o país a um genocídio inevitável.

Ninguém de boa-fé duvide disso!

 

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