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O BBB de Bolsonaro

Postado às 06h02 | 11 Mai 2019

Ruth Aquino

 

A quem me dizia no ano passado que votaria no capitão como presidente não por ser a favor de Bolsonaro, mas por ser contra o PT, a corrupção e tudo o que estava aí, eu alertava para um perigo, que muitos achavam um mérito: a incógnita. Como seria Bolsonaro no Poder? Moderaria suas convicções para governar para todos ou radicalizaria? Já sabíamos que era homofóbico e idolatrava torturadores e ditadores. 

Sabíamos de sua confessada ignorância em Economia, mas havia o Paulo Guedes, que tiraria o país da recessão e aprovaria as reformas. Não sabíamos da total inapetência de Bolsonaro pela articulação política. Sabíamos que era boquirroto e bélico e que apelava ao homem comum e a um jeito tosco de ser. Sabíamos que a “arminha” com a mão era seu símbolo. Não sabíamos que usaria sua arma para dar tiros no pé e atingir o Brasil. 

Suspeitávamos da má influência, no Planalto, da trinca da pesada Flávio, Carlos e Eduardo, amigos e vizinhos da criminosa milícia no Rio de Janeiro. Mas não sabíamos que eles se tornariam os porta-vozes do presidente, os intocáveis, “sangue de meu sangue”, com carta branca para “explodir” ministros e militares.

 

Sabíamos de sua confessada ignorância em Economia, mas havia o Paulo Guedes, que tiraria o país da recessão e aprovaria as reformas. Não sabíamos da total inapetência de Bolsonaro pela articulação política. Sabíamos que era boquirroto e bélico e que apelava ao homem comum e a um jeito tosco de ser. Sabíamos que a “arminha” com a mão era seu símbolo. Não sabíamos que usaria sua arma para dar tiros no pé e atingir o Brasil. 

Suspeitávamos da má influência, no Planalto, da trinca da pesada Flávio, Carlos e Eduardo, amigos e vizinhos da criminosa milícia no Rio de Janeiro. Mas não sabíamos que eles se tornariam os porta-vozes do presidente, os intocáveis, “sangue de meu sangue”, com carta branca para “explodir” ministros e militares.

Não sabíamos que os filhos do presidente adotariam a vulgaridade virtual, sob o olhar terno do pai. O que o Brasil ganha com o exibicionismo da prole Bolsonaro e a verborragia de um metido a guru, Olavo de Carvalho? Nada ganhamos com a exacerbação do discurso ideológico. A direita já não venceu a eleição? Prometeu pragmatismo, seriedade, ordem e progresso. Até agora, e lá se vão mais de quatro meses, existe uma balbúrdia ensurdecedora. Até os evangélicos estão divididos.

Os palavrões de Olavo de Carvalho nas redes cairiam no vazio se não fossem validados pelo presidente. Bolsonaro já mostrou de que lado está. O das crises. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, silenciou para sair da linha de tiro de Carlos, o filho do meio. Mas não adianta. Com o aval do presidente, o Brasil está refém das fofocas 

de conspiração. Olavo foi condecorado. E elogiado por Bolsonaro como “ícone”, mesmo depois de depreciar uma doença degenerativa do general Villas Bôas, ex-comandante do Exército. Uma descortesia vexaminosa. Olavo virou papo de botequim, o cara que enxovalha as Forças Armadas e inspira presidente & filhos.

Quando Bolsonaro torna prioridade as armas para civis – porte, posse, munição – num país com desafios monumentais como o recorde de homicídios, a desigualdade, o desemprego, o saneamento, a educação e a saúde, é inevitável o medo do futuro. Os sinais estão trocados. Na Educação, o presidente estimula ensino domiciliar, religioso e militar. Corta nas universidades públicas com a desculpa esfarrapada de valorizar o ensino fundamental. O novo ministro que citou o livro "do Kafta" (sic) está obcecado com as drogas no campus, a ideologia dos professores e a formação de “militantes”. 

Bolsonaro veta campanha de banco com mensagem de diversidade. No Turismo, nada de sexo gay, só com mulheres, podem vir, gringos heteros. Nas estradas, manda cancelar radares. Em área de preservação ecológica, quer criar uma Cancún. Na Saúde, manda suspender cartilhas de prevenção sexual para adolescentes. A ministra da Mulher, a sumida Damares, quer que as estupradas deem à luz e que as esposas aceitem a submissão. Quanto retrocesso. Eu me sinto num BBB de Bala, Bíblia e Balbúrdia.

O Brasil irá para o brejo se a incontinência verbal e emocional prosseguir. Não há disciplina na família do presidente. Kafka perde. Freud talvez explique.

 

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