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Macron e Merkel reafirmam laços cem anos após fim da I Guerra Mundial

Postado às 10h06 | 11 Nov 2018

Emmanuel Macron e Angela Merkel comemoraram neste sábado, 10, o centenário do Armistício que deu fim à Primeira Guerra Mundial, em uma cerimônia muito simbólica, na qual reafirmaram a reconciliação franco-alemã "à serviço da paz na Europa".

Em uma cerimônia sóbria e sem discursos, o presidente francês e a chanceler alemã depositaram uma coroa de flores e inauguraram uma nova placa na clareira de Rethondes, na floresta de Compiègne, onde os aliados assinaram em 1918 o armistício com o Império alemão.

A nova placa reafirma o "valor da reconciliação franco-alemã a serviço da Europa e da paz".

Macron e Merkel passaram em revista os militares da brigada franco-alemã antes de entoar os hinos alemão e francês. Depois, um coro de crianças recitou a Ode à Alegria de Beethoven, hino oficial europeu.

A carga simbólica desta cerimônia é particularmente forte, já que é a primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial em que um presidente francês e um chefe de governo alemão se reúnem neste memorial.

Foi em um vagão no bosque de Compiègne que foi assinado, em 11 de novembro de 1918, o armistício que selou o fim da Primeira Guerra Mundial, após anos de combates que deixaram 18 milhões de mortos.

Após assinar um livro de ouro em uma réblica do vagão do general Foch, Macron se aproximou de um grupo de jovens, para quem pediu que estivessem "à altura" do que pediam os contemporâneos da guerra, para que "nunca mais" haja testemunhas de um conflito similar ao de 141-1918.

Não devemos "ceder às paixões tristes, às tentações de divisões", afirmou Macron, em sintonia com sua mensagem política, que pede uma cooperação maior em uma Europa com cada vez mais eleitores adeptos de correntes hostis à integração.

- Confusão -

De manhã, Macron recebeu Donald Trump na capital francesa para as comemorações do fim da Primeira Guerra Mundial, que contarão com a presença de 70 dirigentes do mundo todo.

Em uma tentativa de dar fim à polêmica, os dois líderes enfatizaram seu relacionamento próximo. "Nós nos tornamos muito bons amigos" ao longo do tempo, disse Trump, que estava menos caloroso com Macron do que em outras ocasiões.

Em um tuíte assim que pousou na França na noite de sexta-feira, Trump escreveu: "O presidente Macron acaba de sugerir que a Europa construa seu próprio exército para se proteger dos Estados Unidos, China e Rússia".

"Muito insultante, mas talvez a Europa deva pagar a antes sua parte à Otan, que os Estados Unidos subsidiam amplamente!", acrescentou.

Em seu tuíte, o presidente parecia se referir a declarações feitas por Macron nesta semana, quando defendeu um "verdadeiro exército europeu" para proteger melhor a Europa.

Na manhã de sábado, a presidência francesa afirmou que Macron "nunca disse que tinha que criar um exército europeu contra os Estados Unidos" e atribuiu isso a uma "confusão" na interpretação de suas palavras.

No encontro, os dois concordaram que a Europa deve ampliar seu aporte militar. "Devemos distribuir melhor o fardo dentro da Otan", afirmou Macron

"Queremos ajudar a Europa", acrescentou o inquilino da Casa Branca, mas ressaltou que a contribuição deve ser "justa". "Até agora, o fardo caiu em grande parte nos Estados Unidos", disse ele, com o rosto visivelmente torcido.

Grande parte de Europa está abrigada sob o escudo dos Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra Mundial, sem pagar um preço satisfatório na opinião de Trump.

Macron sempre defendeu que a Europa reforce sua Defesa.

- Visita a cemitério cancelada -

Após um almoço entre os dois presidente, com suas esposas, Melania Trump e Brigitte Macron, o casal voltou à casa do embaixador americano na França.

Trump cancelou uma visita ao cemitério de soldados americanos de Bois Belleau, no norte de Paris, que estava prevista para a tarde, devido ao mau tempo.

O cancelamento gerou diversas críticas a Trump na internet. Alguns apontaram que as chuvas não impediram os chefes de Estado francês, alemã e canadense de homenagearem seus soldados da Grande Guerra.

À noite, Emmanuel e Brigitte Macron, acompanhados de Trump e Merkel e seus respectivos cônjuges, se reuniram com os demais convidados no Museu de Orsay de Paris, para uma visita da exposição dedicada ao artista espanhol Pablo Picasso seguida de um jantar oficial.

Na cerimônia do domingo no Arco do Triunfo, que será o destaque das comemorações, vários líderes estrangeiros estarão presentes, incluindo o rei Felipe VI da Espanha e o presidente do governo Pedro Sánchez.

Macron abrirá no período da tarde um grande Fórum pela Paz, que servirá de plataforma para defender o multilateralismo.

Trump não comparecerá ao fórum e visitará o cemitério americano de Suresnes, perto de Paris, antes de retornar a Washington.

* AFP

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