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Haddad: penas da Lava-Jato são 'desequilibradas'

Postado às 04h50 | 20 Set 2018

Globo

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, afirmou na madrugada desta quinta-feira, em entrevista ao "Jornal da Globo", que petistas condenados pela Operação Lava-Jato tiveram penas "desequilibradas" em relação a outros políticos investigados e que a Justiça brasileira, segundo ele, atua "aparentemente" com dois pesos e duas medidas em relação a seus correligionários.

Como exemplo do que chama de desequilíbrio, ele falou sobre o caso do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado em segunda instância a 24 anos de prisão e considerado o principal operador de propinas do partido junto às empreiteiras com atuação na Petrobras.

Mas, se esquivou de responder se considerava, por exemplo, o processo do ex-ministro José Dirceu injusto. Afirmou que desconhecia o conteúdo da decisão judicial.

— Tenho a impressão que alguns casos a pena é desequilibrada (...) E quando eu vejo a PGR arquivar dezenas de processos por prescrição de caixa dois de outros partidos, eu fico me perguntando, não estou fazendo uma acusação, fico me perguntando se não está havendo dois pesos e duas medidas. Os demais caos que você citou, sinceramente, eu não conheço — afirmou, antes de citar casos envolvendo tucanos:

— Significa que pode-se apurar a suspeita de caixa dois como aconteceu com o (José) Serra, como aconteceu com o Aloysio Nunes, como aconteceu com várias personalidades que tiveram todos os seus processos arquivados. E a pergunta que eu faço, não tenho todos os elementos para julgar, não estou com essa função de juiz do caso, mas me parece que em alguns casos, o tratamento tem sido distinto.

O candidato, em segundo lugar nas pequisas de intenção de voto, reafirmou a defesa da inocência do ex-presidente Lula, condenado, em segunda instância, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

O petista ainda afirmou que o caso Lula deixou o PT em situação "complexa", uma vez que parte significativa da estrutura de investigação que levou o ex-presidente à prisão foi reforçada durante o governo de seu partido. Haddad reafirmou que, caso seja eleito, não vai conceder indulto a Lula, que está preso na Superintendência da Policia Federal, em Curitiba. E assegurou que esta era sua palavra final.

— Recebi uma carta do presidente Lula hoje (ontem) indignado por esses assunto (indulto) ter voltado à tona — afirmou Haddad, ao dizer que não concederá o benefício ao companheiro de partido, em um eventual mandato. — Eu acredito que o caso do Lula, de certa maneira, nos colocou numa situção muito complexa.

Nós criamos os mecanismos de combate à corrupção, o presidente (Lula) sancionou praticamente todas as leis que são usadas pela Lava-Jato , sempre louvou o combate à corrpção e teve orgulho de ter feito isso em parceria com Ministério Público, e depois se vê vítima na nossa opinião unânime no PT de uma sentença injusta.

Fernando Haddad também falou sobre sua proposta para retirar devedores do SPC, chamada de "Dívida Zero", que é praticamente igual à do candidato do PDT, Ciro Gomes. O petista sustenta que seu projeto foi tornado público antes mesmo da promessa do adversário. Porém, aponta que a diferença mais importante entre as propostas é que ele defende uma reforma bancária, que não permitiria o retorno dos brasileiros para a lista de devedores.

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