Postado às 04h50 | 24 Mai 2018
Do editor
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou uma redução de 10% no preço do diesel.
O reajuste, de acordo com Parente, valerá por 15 dias e ocorre em meio ao protesto de caminhoneiros em todo o país.
A situação política nacional é gravíssima, com esse impasse da greve dos caminhoneiros.
Ninguém duvide disso.
Fica provado que o MERCADO não pode dominar as ações e decisões de um país.
Ele é apenas um sinalizador econômico importante, porém não decisivo e prioritário.
Essa política de preços atual da Petrobras, atrelada ao mercado internacional, não faz sentido, pois as despesas da Petrobras são em reais e não em dólares e o setor transportador não pode responder pela ineficiência da Petrobras e a corrupção que ocorreu na estatal.
Sabe-se que os países autossuficientes na produção de petróleo praticam preços menores no mercado interno e outros países com desenvolvimento similar ao brasileiro, como Rússia e México, também vendem diesel mais barato.
O óleo diesel cobrado no Brasil é, em média, 15% superior ao cobrado nos Estados Unidos, sendo que a renda média neste país é seis vezes maior que a do brasileiro.
Cabe destacar que o transporte rodoviário no Brasil é responsável por 90% do tráfego de passageiros e 60% da circulação de bens.
Na situação atual, com as distribuidoras ao parando de entregar, os tanques dos postos esvaziarão rapidamente.
Já se constata claro desabastecimento de combustível e isto resultará em desabastecimento generalizado.
As previsões são de que, a partir de segunda próxima, se a greve permanece, será o caos econômico, político e social.
A Petrobrás sobe os preços todos os dias, enquanto a carga tributária come metade do preço do combustível, o país sai de uma brutal recessão, o dólar e o preço do petróleo sobem e além disto o processo eleitoral em marcha.
O governo precisa sentar para buscar um acordo que permita, sobretudo os caminhoneiros, garantia de alguma renda para pagar as contas e viver.
O EXEMPLO DO CHILE
Em 1973 a economia do Chile foi abalada por uma greve dos caminhoneiros semelhante a que acontece no Brasil, que paralisou o abastecimento de gêneros e o sistema de transporte do pais.
O governo de Salvador Allende à época enfrentava sério desgaste popular, com grande insatisfação em todas as classes sociais.
Allende chegara ao poder em 1970, após perder por três vezes as eleições presidenciais, em 1952, 1958 e 1964 o primeiro marxista a chegar ao poder pelas urnas na América Latina.
Durante seu governo nacionalizou as minas de cobre, a principal riqueza do país.
Além disso, transferiu o controle das minas de carvão e dos serviços de telefonia para o Estado, aumentou a intervenção nos bancos e fez a reforma agrária, desapropriando grandes extensões de terras improdutivas e entregando-as aos camponeses.
O país passou a enfrentar turbulências sucessivas, que culminaram com a greve dos caminhoneiros, decretando a falta de abastecimento generalizado, inclusive alimentos.
Allende não conteve a crise e caiu em seguida.
Que esse exemplo não se repita no Brasil.
É o que todos nós desejamos.