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Emprego, renda e consumo: palavras de ordem na eleição de 2018

Postado às 14h15 | 05 Mar 2018

João Paulo Jales dos Santos. Estudante do curso de Ciências Sociais da UERN

Faltando 7 meses para os pleitos presidencial, senatoriais, de governadores e deputados, o debate nacional ainda se prende ao pleito que de Norte a Sul, de Leste a Oeste, galvaniza as atenções daqueles moradores dos grandes centros urbanos até os pequenos municípios do país, a votação para presidente.

O quadro para 2018 até aqui é atípico.

Se desde 1994, com a eleição de FHC, as definições mais aguardadas viam dos polos petista e tucano, em 2018 as definições se fragmentam em variados polos.

As últimas eleições das 2 últimas décadas que conseguiram permear o domínio do petismo e do tucanato foram as de 2002, 2010 e 2014.

E somente no 1º turno.

Em 2002 Ciro Gomes e Anthony Garotinho juntos conquistaram cerca de 30% dos votos, impedindo a eleição de Lula já no 1º turno.

Em 2010 e 2014, Marina Silva amealhou 1/5 dos votos, número necessário para levar o pleito ao segundo turno.

2018 espera tomadas de decisões em várias frentes.

Na esquerda o anseio é para saber qual será a postura adotada por Lula e seu PT, dada que a candidatura do presidente já é juridicamente inviável, só sendo aguardada a decisão judicial, qual postura adotará Lula é crucial para o campo da esquerda.

Esperando o norte que tomará o ex-presidente, os setores minoritários politicamente vão se acomodando.

Manuela pelo PCdoB, Boulos, que deve se filiar ao PSOL, e aquele que não faz muita questão de agradar Lula, Ciro Gomes, vão se posicionando na espera dos acontecimentos que ainda virão.

Pelo PSDB, a lamúria segue se Alckmin é capaz de ao menos chegar ao 2º turno.

Nas arengas internas que consomem o tucanato, vem das recorrentes falas de FHC e mais recentemente do prefeito de Manaus e grande expoente da oposição aos governos Lula, Arthur Virgílio, as lutas internas e incertezas que pairam sobre Alckmin.

Hesitação advinda dos tímidos números eleitorais que tem o governador paulista nas pesquisas de pré-campanha.

Se 2002, 2010 e 2014, orbitaram em torno de PT-PSDB, servindo as outras forças políticas levarem a disputa ao 2º turno, em 2018, apesar do protagonismo ainda exercido por PT e PSDB graças ao acúmulo político-eleitoral conquistado nas últimas décadas, os 2 partidos se veem obrigados a dividir os atos das cenas eleitorais com atores que agora não mais querem ser apenas coadjuvantes.

Vem de Michel Temer e seu entorno, um apoio cortejado por 1 motivo, que desencadeia 2 fatores, estrutura de campanha do Governo Central, que reflete em farto apoio político de alianças estaduais e imensas quantias financeiras para sustentar uma campanha presidencial.

De Jair Bolsonaro vem a decisão que sustenta 20% dos votos na pré-campanha, o deputado do Rio consegue até aqui um ensaio que a extrema direita há muito desejava, capacidade eleitoral com um grupo ideológico minimamente homogêneo capaz de alicerçar influência conservadora e libertária.

Mas os superpoderes que Temer e Bolsonaro acham que possuem chegam a dar uma vergonha alheia.

Chega a ser risível ver Temer e Bolsonaro e seus respectivos staffs pensarem que o primeiro com uma rejeição altíssima pode ser reeleito, e que o segundo com um discurso terrorista carregado de desonestidade intelectual pode chegar facilmente a ocupar a cadeira do Palácio do Planalto.

Essa é a pancada no estômago que é 2018, ver que o descalabro que toma de conta do país desde 2014 e agravado com o impeachment de Dilma Rousseff, eleve ao centro do debate político figuras tão despreparadas que só se sustentam por causa da piora de vida que toma de conta dos lares brasileiros.

Ver o ‘Movimento Brasil 200’ se apresentar como a salvação para o país é a constatação que parte de nossa elite econômica precisa de boas doses de medicamentos receitados pela psiquiatria.

Como um Movimento radical, como o ‘Brasil 200’, que prega estado mínimo, esquecendo da importância das política sociais, que nega direitos civis a mulheres e homossexuais, pode pensar que pode ‘consertar’ o Brasil?

Desde quando radicalismo virou a solução para resolutividade de problemas?

Flávio Rocha e sua facção econômica só não envergonham Donald Trump e congêneres espalhados Brasil afora e ao redor do mundo.

No aguardar do transcorrer dos fatos, Lula/PT, PSDB, Temer, Bolsonaro e outras forças que congestionam o nebuloso quadro político, que a partir de abril com a chamada janela partidária verá melhor acomodação do cenário que desembocará nas urnas no mês de outubro, deverão convencer de que serão capazes de resolver o que tira o sono da população, a saber, emprego, renda e consumo.

Sim, porque o que o brasileiro comum quer é isso, que a vida econômica do país melhore para que se tenha perspectiva que o emprego retome visando renda e poder de consumo.

A aflição que ronda o brasileiro se torna ainda mais perversa porque a piora de vida acontece drasticamente, 2015 é uma ruptura brusca e inesperada até mesmo para os especialistas.

Ruptura que é desalentadora quando a população compara o nível de vida que tinha até 2014 com o que desfruta agora.

Converge num curto espaço de tempo para o brasileiro comum um comparativo recente de bom nível socioeconômico com a degradação que vê agora diante de si, passagem essa que se dá de maneira rápida e violenta.

Quem quiser ganhar em 2018 terá que demonstrar bom poder de convencimento.

A brasileira, o brasileiro, vai às urnas com irritação, e seu voto depende de tal convencimento, quem conseguir o feito, vencerá a eleição.

Na agenda de 2018, bolso, ansiedade, emprego e raiva vão às urnas concomitantemente.

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