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Em jantar de gala na cidade de Nova York, o juiz Moro recebe homenagem empresarial por combater a corrupção e o tráfico de influência

Postado às 04h56 | 16 Mai 2018

Sérgio Moro e sua mulher, Rosângela, conversam com o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, durante evento em NY Foto: VANESSA CARVALHO/ESTADAO

A Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, com sede em Nova York, homenageou ontem, 15, o juiz Sérgio Moro, com o prêmio Person of the Year, oferecido há 48 anos pela instituição e tradicionalmente dado a personagens destacadas da iniciativa privada brasileira e americana.

Houve um jantar de gala, com todos os presentes usando trajes a rigor.

Sérgio Moro discursou e agradeceu o prêmio que recebeu.

A seguir destaques do pronunciamento do magistrado homenageado:

Quando recebi o convite, pensei se deveria aceitar.

 

“Não sei se um juiz deve chamar este tipo de atenção. Judiciário e juízes devem atuar com modéstia, de maneira cuidadosa e humilde, ponderou Moro diante de uma plateia de mais de mil pessoas, entre empresários e banqueiros.

“Mas, segundo o juiz, pesou o fato de que receberia o prêmio da iniciativa privada e em reconhecimento ao trabalho de tantas outras pessoas que, segundo ele, atuam no combate à corrupção no Brasil.

Entendi que tinha um sentido importante.

Presumo que este prêmio significa que o setor privado, em geral, apoia o movimento anticorrupção brasileiro e isso, com certeza, faz uma grande diferença”

Para o magistrado, a iniciativa privada não precisa esperar uma mudança de comportamento de quem está no poder.

Você simplesmente diz não à tentativa de achaque.

É claro que muitas vezes é extorsão mesmo, mas, ocasionalmente, é só um acordo criminal", afirmou.

Não há ganhos, na opinião de Moro, ao "se render à corrupção". “Todos nós queremos um governo limpo, um mercado limpo”, observou.

Moro disse não ver "risco" para a democracia brasileira e afirmou que os Estados Unidos podem apostar no Brasil.

"Apesar de dois impeachments presidenciais e um ex-presidente preso, não houve e não há sinais de ruptura democrática", afirmou, em referência a Fernando Collor, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

O magistrado destacou o fato de executivos de grandes empreiteiras, da Petrobrás e políticos terem sido julgados e presos no Brasil, o que, segundo ele, indica duas percepções.

 Por um lado, afirmou, o País não ter conseguido impedir “o mal uso do poder para ganhos privados” por causar certa vergonha; por outro, no entanto, o avanço das investigações deve ser motivo de orgulho.

Nada de baixar a cabeça, o futuro só pode ser visto olhando acima o horizonte. E então você precisa elevar sua visão."

Um grupo chegou a protestar contra Moro na entrada no Museu de História Natural, onde foi realizada a cerimônia, que também homenageou o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg.

 No seu discurso, o ex-prefeito João Doria, premiado de 2017, criticou a manifestação.

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