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Chineses querem criar uma Chinatown em São Paulo para revitalizar área no centro da cidade

Postado às 05h42 | 20 Jan 2020

Globo

Símbolo máximo de uma comunidade internacional, um bairro exclusivo é o sonho dos chineses que vivem em São Paulo. Eles já trabalham para que a cidade tenha, em breve, sua Chinatown, fazendo com que a maior capital brasileira entre no rol de metrópoles que já têm uma, como Nova York, São Francisco, Los Angeles, Buenos Aires, Paris e até Havana. O projeto já está sob avaliação do governo paulistano e da Câmara de Vereadores e conta com o apoio de empresas e da comunidade chinesa na cidade.

O projeto urbanístico de R$ 150 milhões, sem contar outros equipamentos como museus e centros tecnológicos, pode mudar uma das áreas mais degradadas de São Paulo, vizinho à cracolândia, ao Mercado Municipal e à Rua 25 de Março. Nessa região central da cidade já vivem cerca de 100 mil chineses.

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— O projeto será financiado por associações de chineses (são 50 na cidade, uma de cada cidade ou província), empresas e pela comunidade. Nosso objetivo é ao menos iniciar a pedra fundamental em 2024, quando celebramos os 50 anos da retomada das relações diplomáticas entre Brasil e China — afirma Thomas Law, presidente do Instituto Cultural Brasil-China (Ibrachina), que lidera o projeto. — Se puder ser antes de 2024, ainda melhor.

Um grupo de empresários chineses e brasileiros está por trás do projeto de criação de uma Chinatown em São Paulo, o primeiro bairro chinês do país. Inspirado em distritos voltados para a gastronomia e cultura chinesas em grandes capitais do mundo, como o de Nova York, o plano prevê o investimento de R$ 150 milhões na criação de um polo comercial do gênero.

Prefeitura pede detalhes

Mais que um simples pórtico chinês ou uma estrutura como a da Vista Chinesa, no Rio (doada para comemorar o início da produção de chá no Brasil, nos idos dos anos 1810), o projeto prevê um parque sobre o Rio Tamanduateí, centros de lazer e de cultura, cinema ao ar livre, ponte chinesa, terraço inspirado em campos de arroz, praça de alimentação e de eventos.

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— Como será um legado para a cidade de São Paulo, o interesse em se associar ao projeto é muito grande. O governo chinês já indicou, por exemplo, que pode doar os pórticos — disse Law, que acredita que o bairro tem tudo para aquecer a economia e se tornar um polo turístico como é a Liberdade, o bairro paulistano que a comunidade japonesa já tem para chamar de sua e que também vem sendo ocupado por chineses.

Porém, a vereadora Soninha Francine (Cidadania) afirma que o projeto da Chinatown precisa provar que não vai beneficiar somente um grupo específico com incentivos fiscais que geralmente envolvem esse tipo de iniciativa:

— Adoraria aprovar tudo este ano, mas há outros projetos na fila. Temos que esperar a aprovação de outros projetos urbanísticos prioritários na cidade, como os Planos de Intervenção Urbana da Vila Leopoldina, Pari e realocação do Ceagesp, gigantesco entreposto alimentar da cidade.

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A Prefeitura de São Paulo informou que, por meio da SP Urbanismo, comunicou à Ibrachina que o projeto carece de mais detalhes e precisa estar alinhado a outras iniciativas de revitalização do centro da cidade. “A SP Urbanismo avaliou os estudos propostos à luz do Projeto de Intervenção Urbana do Centro (PIU Centro) e orientou o interessado sobre a priorização das intervenções no entorno em função da necessidade da cidade”, informou a prefeitura, em nota. O instituto disse que já está trabalhando no detalhamento e coordenação.

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‘Invasão nos bairros’

Enquanto a Chinatown não sai do papel, a comunidade chinesa começa a ocupar regiões tradicionais de outros asiáticos em São Paulo. Na Liberdade, há cada vez mais restaurantes e lojas chineses. Muitos mantêm a “cara” japonesa para não perder clientes.

— Nossa comida é de Sichuan, onde é mais apimentada. E os coreanos adoram comida apimentada — diz Wu, que tem como principal elemento da decoração do empreendimento um mapa-múndi com destaque para os territórios da China e do Brasil, além de elementos chineses, palco de karaokê, flores de plástico nas paredes e pequenas cabines iluminadas.

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