Notícias

Análise: “Piratas do mar” ameaçam até a economia do Brasil

Postado às 05h58 | 21 Dez 2023

Rebeldes do Houthi sequestraram o navio Galaxy Leader no mês passado

Ney Lopes

Em pleno século XXI, os “piratas do mar” continuam ameaçando a humanidade, com saques, pilhagens e enriquecimento criminoso.

A diferença é que não existem batalhas nos oceanos e caça a tesouros, semelhantes aos ataques piratas ocorridos no Brasil colonial, dos franceses, ingleses e holandeses, quando invadiram o Maranhão, Recife, Bahia e a capitania de São Vicente.

Entre 1630 e 1637, os piratas holandeses estenderam o seu domínio pelo Nordeste e atingiram o RN.

Natal passou a ser chamada de Nova Amsterdam.

Devido à localização geográfica do Rio Grande do Norte, no ponto mais estratégico da costa brasileira, Portugal retomou a posse da Capitania do Rio Grande, ordenando a construção de um forte com o objetivo de expulsar os holandeses, fato que ocorreu apenas em 1654

No mundo comtemporâneo, os piratas continuam atuantes e formam crime organizado.

Pertencem a grupos e máfias criminosas, ou até mesmo ataques encomendados, de forma a prejudicar quem receberia a carga daquele navio.

Os piratas da Somália são conhecidos por serem violentos, atacando não somente o litoral do país, mas também de outros como Tanzânia, Quênia e Omã.

Atuam com mais frequencia nos mares da Indonésia, Somália e Nigéria.

Entre janeiro e setembro de 2023, houve aumento de 10% nos incidentes de pirataria e assaltos.

Os piratas conseguiram atacar 89% das embarcações em transito.

Os navios representam 80% do comércio mundial em volume.

Os oceanos englobam 97% das massas de água do planeta, mas a chave para o comércio marítimo está no Oceano Índico (Canal de Suez e Golfo de Aden).

Nas últimas semanas, rebeldes “houthis”, que controlam parte do território do Iêmen, avisaram que irão atacar todos os navios que viajarem pelo mar Vermelho, em direção a Israel.

Os Houthis fazem parte do chamado “Eixo da Resistência” do Irã, majoritariamente xiita, que formam  uma aliança contra Israel e o Ocidente liderada pelo Irã.

Os rebeldes Houthi declararam apoio ao Hamas, embora ataquem navios que não iriam para Israel.

Em novembro, sequestraram um navio de carga no Mar Vermelho (foto).

Atacaram diversos outros com foguetes e drones, o que representa mais uma ameaça à economia global.

Foi sequestrado um gigantesco petroleiro saudita estimado em 100 milhões de dólares, com carga de elevado valor

As cadeias de abastecimento globais estão ameaçadas de graves interrupções como resultado das maiores companhias de navegação já terem começado a desviar as suas viagens, o que adicionará duas semanas ao percurso.

Navegar da Ásia para a Europa pelo Cabo da Boa Esperança é um desvio que prolonga em 3.300 milhas, quase 40 por cento.

O desvio de rota tem custo extra de até 20%.

O Mar Vermelho liga o Oceano Índico ao Mar Mediterrâneo, passando pelo Canal de Suez, no Egito.

Por essa via, passam produtos correspondentes a  12% do comércio global, ou seja, cerca de R$ 90 bilhões em mercadorias, todos os dias.

Cerca de nove milhões de barris de petróleo por dia foram enviados aos mercados pelo Canal de Suez, no primeiro semestre de 2023.

O petróleo Brent, referência internacional do petróleo, já subiu cerca de 8% na semana passada.

Os bens de consumo poderão sofrer idênticas elevações de preços.

Os impactos dos “piratas do mar” também ameaçam a economia do Brasil, com o risco do desequilíbrio da nossa balança comercial, contas públicas e o próprio crescimento econômico.

O país deverá ficar, portanto, de “olho aberto”.

 

Deixe sua Opinião