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Análise: "A farsa da eleição na Venezuela"

Postado às 07h26 | 31 Mar 2024

Ney Lopes

Com pompas e circunstâncias, como candidato a reeleição na Venezuela, o presidente, Nicolas Maduro armou monumental festa nas Torres El Silencio, em Caracas.

Vestiu roupa esportiva e exibiu cartaz com fotos de Simón Bolívar e do ex-presidente Hugo Chávez.

Enquanto isto,

Maria Corina Machado, da oposição está impedida de disputar a eleição com Maduro, que governa a Venezuela há 11 anos.

Ele busca terceiro mandato, que o colocaria 18 anos no poder.

A sua candidatura foi registrada com grande alarde e sem restrição.

A eleição será em 28 de julho.

Maria Corina Machado tornou-se uma das lideranças mais radicais da oposição: promoveu protestos em 2017 e 2019, passou a classificar o governo como uma ditadura, rejeitou todas as tentativas de negociação com o chavismo, defendeu o uso da força para destituir Maduro e se opôs aos principais partidos da oposição, que acusou de serem “colaboradores”.

A líder oposicionista venceu esmagadoramente a eleição primária da oposição de 2023 para disputar a presidência da República.

Porém, a justiça, sob influência direta de Maduro, impede a ex-parlamentar de ocupar cargos públicos, por 15 anos.

Ato tipicamente de força.

A maioria das pesquisas aponta oito em cada 10 venezuelanos querendo mudanças e colocam maduro com uma popularidade entre 15% e 20%.

A “mão de ferro” de Maduro faz-se presente e o prazo para registro de candidaturas já foi encerrado.

A líder da oposição Corina Machado, de surpresa, nomeou a professora e historiadora de 80 anos Corina Yoris como sua substituta na corrida presidencial, que também não conseguiu a sua inscrição

Maduro descumpre o Acordo de Barbados, firmado na ilha caribenha em 2023. Na ocasião o governo venezuelano garantiu calendário para as eleições de 2024, inclusive participação e observação de órgãos internacionais.

Numa declaração conjunta, Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai mostram preocupação com a recusa do registro da oposição.

O Brasil declara estar preocupado com eleições da Venezuela.

Maduro reage e o chavismo busca repetir o cenário de 2018 e obrigar a oposição a “abster-se” ou “dividir o voto”.

Apela para “fake News”, como a versão de que homens armados infiltraram- se na concentração, para assassinar Maduro.

Acusação absolutamente “infundada”.

Existem nove candidatos que se apresentam como opositores.

Em verdade são rotulados de “escorpiões”, termo usado na Venezuela para nomear “colaboradores” do governo chavista. A ONU, a Anistia Internacional e ONG Human Rights Watch acusam Maduro de totalitarismo, que usa da violência para se perpetuar no poder com sequestros, execuções e prisão de opositores.

O resumo político-eleitoral da Venezuela é que Maduro tem consciência da derrota para qualquer candidato da oposição, que consiga a unidade e eleve o espírito de participação cidadã.

Com restrições à oposição, a eleição será uma farsa.  

Por isso, a cada dia, Maduro age com a severidade de um ditador implacável.

 

 

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