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Acordo entre EUA e China obriga Brasil a abrir novos mercados

Postado às 05h19 | 16 Jan 2020

Globo

O acordo entre as duas maiores economias do mundo vai obrigar o Brasil a abrir novos mercados para commodities produzidas aqui. O alerta é de José Augusto de Castro, presidente da AEB, a associação do comércio exterior do país. Nesta quarta-feira, EUA e China assinaram o que os americanos chamam de primeira fase do acordo. 

Os EUA impuseram que a China compre até US$ 50 bilhões a mais de produtos agrícolas americanos, nos próximos dois anos. O Brasil é o maior concorrente dos EUA nesse mercado, especialmente na exportação de soja. No total, o acordo prevê que a China eleve suas importações dos EUA em US$ 200 bi em dois anos.

— O acordo mais parece uma imposição, tanto é que o presidente chinês enviou seu vice para a cerimônia de assinatura. É uma camisa de força no comércio exterior da China. Essa decisão artificial provoca desequilíbrios. O Brasil venderá à China só a soja que exceder a cota adicional imposta pelos EUA — conta Castro.

No ano passado, dos US$ 57,6 bi que o Brasil vendeu à China até novembro, 34% eram soja. Outros 24% foram de petróleo bruto. Dentro do acordo, os EUA também obrigam os chineses a compra adicional de US$ 50 bilhões em energia produzida pelos americanos.   

EUA e China assinam fase 1 do acordo 

Dólar sobe mesmo com acordo entre EUA e China

A previsão de Castro para 2020 é que o Brasil mantenha o valor total exportado de soja para o mundo. Em 2019, o país embarcou mais de US$ 28 bilhões do produto. Mas será preciso abrir mercados, achar novos compradores para ocupar o espaço que vinha sendo da China.

— O tratado com a União Europeia ganha mais relevância ainda para o Brasil. Outra oportunidade é o Oriente Médio, que pelos conflitos geopolíticos se afasta dos EUA. E a grande fronteira para os produtos agrícolas pode ser a Índia. O país também tem mais de 1 bilhão de habitantes e conta com pouco espaço para lavouras. A visita deste mês aos indianos é importante. Do ponto de vista das exportações, a Índia pode ser a China de amanhã — diz Castro.

O tabuleiro do comércio internacional está aberto e muda rapidamente. O movimento dos EUA e da China vai obrigar o Brasil a se movimentar. 

 

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